sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Viralizar a fama instantânea na busca do pai da criança. Sinal dos tempos?




Karen, uma dinamarquesa que de fato se chama Bitte, de 29 anos, já está chegando a 20mil exibições de seu vídeo no You Tube – em inglês – onde busca o pai de seu filho gerado há um ano e meio quando o “pai” dele visitou Copenhagen e encontrou-se com ela num bar.

Atenção, a dinamarquesa da foto é apenas uma imagem captada via Google e tal como a personagem da história é fictícia!

O vídeo é muito simples. Karen falando diretamente para a câmara transmitindo dentre outras ideias que não era difícil ocorrerem coisas como estas entre visitantes e moças bonitas de sua cidade e como ela sequer podia lembrar de onde ela era, nem seu nome, nem qualquer outra informação relacionada a seu parceiro de poucas horas ela postava o vídeo para procurar o pai da criança.

O “case” passou a ser tema de sites interessados em analisar, até sob o ponto de vista de marketing, o novo comportamento dos jovens. Uns caindo de pau na louquinha e outros levando os leitores a verem tudo como coisa muito normal.

Num destes sites, americano, Get to the point , num post “You Lie” são contados mais detalhes da história inclusive com a identificação de Karen como Bitte, uma atriz dinamarquesa.

Enquanto isto do outro lado do mundo, ou quase, aqui em São Paulo, uma outra moça com um minivestido e formas voluptuosas foi forçada a deixar a sua faculdade de turismo, na Uniban,banida que foi da sala por seus colegas que a chamavam de vagabunda, para dizer o mínimo, pois ela estava demasiadamente atraente sob o ponto de vista sexual.

Nem os rapazes nem as moças podiam conviver com ela no mesmo ambiente sem que alguma coisa mais séria pudesse ser evitada do ponto de vista sexual.

Pelas fotos da paulistana, que não a mostram claramente, mas de perfil com o rosto esfumaçado, ela é bem mais atraente do que a Karen dinamarquesa, e teria todas as condições para obter mais espaço no You Tube com as suas desditas acessadas pelo mundo.

E talvez isto vá ocorrer se já não estiver ocorrendo.

O que nos leva a pensar, como gente de comunicação, como as coisas mudam depressa diante de nossos olhos na nossa sociedade tão aberta.

Enquanto pensava, antes de escrever este texto, me veio numa frase em latim que bem representa estas mudanças chocantes numa sociedade: O tempora o mores.

Que quer dizer “Oh tempos, oh costumes”, ou de forma mais livre: “Oh que novos tempos estes que permitem que novos costumes nos sejam impostos sem que façamos nada a respeito”.

Quem disse isto foi Cícero, que os alunos de direito quando o latim era matéria do vestibular, associam às catilinárias, em que Cícero perguntava ao senador Catilina até quando ele iria abusar da paciência dos romanos com suas desonestidades.

Isto ocorreu mais menos entre os anos 20 e 40 de nossa era.

Quase desisto de escrever este post diante da sua absoluta falta de originalidade, mas decidi escrevê-lo em seguida exatamente pelo mesmo motivo.

Porrada nas moças? Ou elas são apenas sinais do nosso tempo?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Meus oito anos depois de algumas décadas...



Acho que não há ninguém que desconheça os primeiros versos de Meus Oito Anos:

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Estes versos são usados como um ícone para os anos saudosos da infância assim como citamos o ufanismo , do Por que me ufano de meu país, como um outro ícone das virtudes do Brasil.

Pouca gente, e na minha certeza, quase ninguém conhece os versos todos nem pensa neles. E se pensa, os imagina como algo meio fora de época, como eram as roupas das mulheres cheias de panos do início do século XX.

Hoje de manhã, porém, a rádio BandNews, num programete do Juca de Oliveira lendo textos diversos estes Meus Oito Anos me fez engasgar de emoção, quase indo às lágrimas enquanto dirigia para o escritório.


Casimiro cujo melhor retrato é este aí acima era filho de um português imigrante pobre que enriqueceu no comércio e com a agricultura e de uma fazendeira, Luisa Joaquina das Neves , com quem não se casou embora tivessem uma paixão avassaladora .

Casimiro em sua infância nunca morou com o pai e limitou os seus estudos, além das primeiras letras na fazenda da mãe, a três anos ( dos seus 11 aos 13 anos) no Instituto Freeze em Friburgo.

Daí em diante seu pai tratou de encaminhá-lo para o comércio, no Rio de Janeiro, de onde o carregou aos 14 anos para Lisboa onde ele poderia preparar-se melhor para a vida comercial.

Neste momento o menino já escrevia para si próprio e colaborava na imprensa local com crônicas e poesias que dividiam espaço com grandes autores portugueses como Alexandre Herculano e Rebelo e Silva.

Quando voltou ao Brasil, já meio adoentado, no Rio conviveu com Machado de Assis, Manoel Antonio de Almeida escreveu para os jornais, mesmo sendo um quase menino cheio de complexos, dizendo-se um filho dos trópicos e na maneira da época devia considerar-se um autêntico “filho da mãe”.

Bota angústia nisto.

Só teve publicado um único livro “Primaveras” cuja edição foi paga pelo pai que devia reconhecer no garoto qualidades que iam além de sua vocação forçada para o comércio.

Foi Casimiro que criou a expressão “Simpatia é quase amor” num de seus versos e esta expressão passou a ter uso corrente nos meios literários durante os primeiros anos dos século XX.

E veio batizar um bloco carnavalesco de Ipanema de que faziam parte Bussunda e a turma do Casseta às vésperas do Carnaval de 1985.

Detalhe: Casimiro de Abreu jamais foi citado como autor da frase Simpatia é quase amor...

Pois bem, hoje de manhã quando o Boechat anunciou o momento literário do jornal do Rio com o Juca de Oliveira recitando os “Meus oito anos” me preparei para alguns segundos de chatice erudita.

Mas, à medida que o Juca falava, aqui e ali sentia a emoção aflorar. Em alguns trechos mais do que aflorar a emoção vinha à garganta e ficava ali engatada me deixando bem sem graça diante de meu preconceito inicial. O texto bem lido e interpretado era uma joia rara que merecia muito mais atenção que eu jamais havia dado a estes poetas de nosso passado.

Quando o Juca terminou o Boechat também devia estar emocionado, pois lembrou que o Paulo Autran, num programa Canal Livre da TV Bandeirantes decidiu recitar de memória o poema terminando-o muito emocionado ao vivo, coisa que não costuma acontecer com os grandes atores.

O Rex Harrison disse um dia que o grande ator, para ser um grande ator mesmo, transmite as emoções levando os espectadores a chorar, mas ele não chora.

Ora, o Boechat me consolou pela minha emoção e minhas quase lágrimas com esta citação.

Agora vou mostrar aqui o texto dos Meus Oito Anos. Leia com toda as suas emoções e veja como toca as cordas mais sensíveis de sua mente:


MEUS OITO ANOS Casimiro de Abreu

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;

O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !

Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar

O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!

Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !

Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!


Para terminar este longuíssimo texto.

Casimiro morreu antes de completar 22 anos, tuberculoso, na mesma Fazenda da Prata de sua mãe onde havia nascido.

Casimiro embora tenha sido considerado pelos críticos como um poeta menor é o patrono da cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras.

Ele não merece?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O que que eu faço? Para onde eu vou? Compro ou não compro? Ser ou não ser?

Se até há pouco tempo você podia desculpar-se por alguma decisão sua por não ter tido acesso a todos os dados, hoje, e pior, amanhã, será mesmo impossível alegar a sua ignorância como justificativa seja para o que for.

Sempre fui um leitor de livros. Como decorrência disto comprei e ganhei muitos livros na vida que estão espalhados nas minhas estantes como tags vivos de assuntos pelos quais me interessei e pelos quais ainda me interesso cada vez que os retiro de seus cantos para uma releitura aqui e ali.

Hoje, com uns 10 Kindles possivelmente poderia substituir todos os livros - menos os com páginas a cores, os atlas, os livros de arte, e alguns poucos outros - por tudo aquilo que juntei na minha vida.

O Tiê Lima,que trabalha também na REPENSE, é a primeira pessoa que conheço que comprou e recebeu o Kindle internacional da Amazon e já lê nele, todos os dias, a edição do Globo que o acompanha para onde vai em São Paulo, onde reside.

Hoje, tudo acontece em cada hoje, a Amazon anunciou que vai disponibilizar os seus livros também nas telas dos computadores desde que o cliente siga um determinado caminho que nem quis saber qual seria.

Tudo isto por que ainda não sei o que deva fazer, e como deva fazer o que deverei fazer para atender às minhas demandas por novas informações “livrescas”.

Na Bienal do Livro, no Rio, comprei no estande da Record um livro da Bertrand Brasil, 1421, de autoria de um oficial de marinha inglês dedicado a convencer o mundo que os chineses no ano de 1421 foram os verdadeiros descobridores do mundo, percorrendo toda a Terra com esquadras imensas, comandadas por almirantes eunucos – tinham de ser eunucos, mesmo.

O livro é apenas o ponto de partida, ou de entrada, no site do autor que transformou a sua descoberta dos feitos chineses numa oportunidade para obter a glória em 2009, 560 anos depois dos eunucos chineses terem feito as suas viagens incríveis comprovadas por ele nas páginas impressas do livro.

Este seria o livro típico para ser compartilhado com os leitores por um e-reader que dispusesse de cores para exibir mapas e fotos nítidas dos objetos recuperados de naufrágios dos chineses.

Com o Kindle – todo em preto e branco, e mais todas as tonalidades do cinza – isto não seria possível. Faltam as cores, faltam as pesquisas paralelas que todos gostariam de poder fazer.

Mas, que dentro de poucos anos todos nós vamos ler “livros” desta maneira não tenho dúvidas de apostar seja o que for.

Churchill dizia que quem apostava ou era desonesto ou muito burro. Desonesto quando tinha certeza de sua certeza e muito burro quando acontecia exatamente o oposto.

Neste caso dos e-readers nos próximos anos, nos próximos 5 anos, nos próximos 10 anos qualquer aposta de minha parte me caracterizaria como desonesto por ter absoluta certeza de que isto irá acontecer.

Então para que tanto esforço em dizer isto no Almanaque?

Por outro motivo muito mais importante: agora sem apostar, mas tendo uma nova certeza subjacente de que estas leituras virtuais disponíveis on line vão mudar mais as nossas vidas futuras do que por exemplo, a nossa vida passada mudou com a televisão, com a Internet e com o celular.

Sem tornar este tema mais longo do que já está: todos terão acesso a tudo de bom e de mau, e isto vai ter efeitos revolucionários sobre a moral, sobre a política, sobre a religião, sobre a educação, sobre o relacionamento humano. E até onde eu saiba ninguém ainda está falando sobre isto.

O ser ou não ser vai ganhar uma dimensão jamais pensada por Shakspeare (como ele se assinava) do que ele podia imaginar.

Será mais ou menos como um navegador solitário que hoje , simplesmente ao apertar uma tecla num GPS, sabe exatamente onde está sem fazer um único cálculo para definir sua latitude e sua longitude aproximadas.

Neste novo mundo de certezas quem souber usar as simples ferramentas de busca de informações estará tão capacitado quanto o pós-graduado na mais respeitada universidade.

Eles terão acesso instantâneo às mesmas informações.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Do saber saber ao fazer fazer... (2)

Assim como na sua caixa de ferramentas o técnico tem peças e ferramentas com potencial para ele fazer todos os consertos a caixa de ferramentas de uma organização é a capacitação profissional de seus funcionários e colaboradores.

Assim como a porca ou alicate deixam de ser apenas potencialmente as soluções para que um aparelho volte a funcionar, o profissional só deixa de ser potencial quando demonstra na prática que foi capaz de usar as ferramentas certas aliadas à sua capacidade de usá-las para resolver os problemas com que se deparou.

Um novo colaborador é contratado - qualquer que seja o seu número de anos no mercado – porque foi avaliado pelo seu saber saber. Mas, logo em seguida, é avaliado por sua capacidade de saber fazer.

Uma das atividades profissionais mais oportunistas desenvolvidas pelos homens foram os seguros. Nasceu com os mercadores babilônios e fenícios que usavam embarcações e caravanas para transportar produtos para a venda em locais distantes e por vezes se viam, devido a naufrágios ou ataques de bandidos, destituídos de todos os seus bens. Por vezes na mais negra das misérias.

A ideia do seguro nasceu da união de todos que concorriam entre si ao calcularem que se destinassem uma pequena parcela de seus ganhos para um fundo que permitisse pagar as suas perdas inesperadas fariam um bom negócio.

Um negócio que lhes daria muito mais tranqüilidade de vida e a certeza de continuação de seus negócios independente dos problemas com que se deparassem ao transportar as suas riquezas de um lugar para outro.

Um líder na indústria de seguros e um pensador sobre o seu negócio me disse um dia que segurar era saber administrar riscos, e só isto.

Se todos os navios passassem a afundar e todas as caravanas fossem assaltadas os valores referentes ao fundo para indenização seriam insuficientes para cobrir os prejuízos e se a “seguradora” se dispusesse a pagá-los iria à falência.

Este é o mesmo risco que uma empresa ou um executivo correm ao contratar alguém aprovado pelo seu saber saber.

O saber fazer é o risco de naufrágio ou de assalto à caravana desde a “invenção” do seguro. O risco neste caso é se o contratado souber saber, mas não souber fazer.

Para tornar o problema mais real perguntamos: e se quem sabe fazer não sabe saber, e for incapaz de superar esta limitação numa escala num tempo admissível?

Pareto, o mesmo Wilfredo Pareto da lei que define que 80% dos lucros virão de 20% dos clientes, era um estatístico e matemático dedicado a entender melhor como funcionavam os homens e quais as relações numéricas que podiam ser deduzidas deste funcionamento.

A sua segunda lei, que descobri num livro de James Webb Young é a que estabelece que em qualquer atividade humana haverá sempre os speculateurs e os renteurs, em francês mesmo, pois Pareto apesar do nome era francês e viveu na França.

Os speculateurs como ele os definiu eram as pessoas que faziam, que ousavam, que propunham mudanças e mudavam o mundo. Eles dentre outras virtudes sabiam fazer.

Os renteurs eram os que se aproveitavam destas mudanças quase sempre sem arriscar o seu pescoço.

Em qualquer sociedade os speculateurs segundo Pareto eram cerca de 10% de todas as pessoas.

Eram eles que além de saberem saber, sabiam fazer, e iam além, arriscando os seus pescoços ao fazerem saber o que faziam e propunham e colhiam os louros (quando tudo dava certo) ao fazerem os demais fazerem o que inventaram.

Cheguei ao Pareto muitos anos depois do IAG e depois de muitas constatações de que o processo de quatro pontos não era linear. Ao longo da vida e ainda hoje em especial estou mais do que nunca dedicado a saber saber, pois para identificar novos membros de uma equipe é preciso hoje saber saber o que eles precisam mesmo saber.

Os que sabem fazer serão sempre a maioria da população. Dentre eles estão os 90% de renteurs dentre os quais irão se salientar os que irão atingir a fase do fazer saber, em livros, aulas, conferências e palestras. E dentre estes irão sobrar para o bem da humanidade os 10% que serão mesmo capazes de fazer fazer.

Proponho um exercício para as suas horas de lazer: classificar os amigos, colegas e parentes pelo peso percentual de cada uma destas fases em suas vidas.

Qual é seu peso no saber saber, no saber fazer, no fazer saber e no fazer fazer?

E, claro, para começar e aferir a sua capacidade de fazer estas avaliações nada melhor do que começar por você mesmo.

Garanto que este exercício torna qualquer pessoa mais capacitada ao escolher o seu novo time.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Do saber saber ao fazer fazer... (1)

Esta semana participei de uma conversa que me ajudou e inspirou a entender melhor os desafios dos profissionais de marketing no século 21. Ora, você poderá se perguntar: Como somente uma conversa tem esta capacidade para resolver tão grandes mistérios?

É que este tema há muito tempo me fascina e tal como um caçador de tesouros sempre em busca de indícios da riqueza almejada estava preparado para buscar estas inspirações, mesmo numa conversa. A grande diferença entre uma conversa agradável e útil e uma outra muito mais profunda está na experiência de vida das pessoas envolvidas.

Vou recorrer a uma metáfora para justificar o que digo acima; todos nós profissionais já com alguns anos de trabalho, somos usuários ativos da aviação comercial. Uma conversa entre nós será sempre útil para entendermos melhor todos os seus problemas e soluções – do ponto de vista do passageiro, pois esta é a nossa especialidade.

Mas para realmente entender o que ocorre e o que pode ser feito uma conversa com um piloto com muitas horas de voo é que realmente pode nos informar sobre o assunto.

E o mesmo ocorre diante de qualquer tema, desde como o pipoqueiro faz a sua pipoca e escolhe os locais onde deva parar a sua carrocinha, ao executivo encarregado de formar equipes para levar a sua empresa aos níveis de sucesso ( e atividade) projetados por seus controladores.

O início da conversa foi sobre um tema bem antigo – como formar e manter equipes vitoriosas – quando concluímos que hoje temos os mesmos problemas, mas as dificuldades se tornaram muito maiores. Ou se a palavra maiores incomoda, podemos trocar o adjetivo por diferentes. E ponha diferentes nisto.

Há a história de um famoso professor de economia numa universidade americana que ao ser criticado pelo coordenador do curso por aplicar exatamente a mesma prova para os seus alunos, ano após ano, justificou a sua decisão dizendo:

- Claro que eu sei que a prova é a mesma. O desafio para os alunos são as respostas que mudam de ano para ano...

Claro que a historinha foi bolada para derrubar o lado científico da economia e sacanear todos teóricos obrigados a engolir e a reformular suas regras a cada novo soluço no mundo dos negócios globalizado.

O problema que abordamos em nossa conversa, no entanto, poderia ser equiparado aos soluços da economia, com outra roupa, pois também são soluços aplicados a algo muito mais visível e conseqüente. À administração do marketing numa empresa com disposição para permanecer ativa e bem sucedida pelas próximas décadas.

Desde o mais óbvio: qual será a participação percentual do off-line diante do online no futuro – no amanhã mesmo – destas organizações?

Há uma forma de caracterizar o mundo dos negócios que ao ser usada por alguém dava a esta pessoa um ar imediato de sofisticação e know how .

- Business, as usual...

Estas palavras eram como um embrulho mágico que servia desde para explicar um grande sucesso da empresa – e do executivo – numa concorrência contra o seu maior rival, em que sem precisar dizer, demonstrava a confiança dele em sua equipe bem formada até para justificar presentes vultosos enviados a algum corrupto para fechar negócios de maneira pouco ética.

Concordamos em nossa conversa que a fórmula do Business as usual a cada novo dia se torna mais difícil de ser usada por que o usual implica hoje em muito mais sofisticações. Sai de campo o usual e entra cada vez mais em campo o unusual como o grande segredo para as novas vitórias.

E aqui vai outra metáfora: é como se o técnico de um time de futebol buscasse reforços não mais em jogadores talentosos para as posições tradicionais dos que já jogam em seu time. Os reforços buscados por ele poderiam ser atletas tão diferentes quanto um iatista, um acrobata, um campeão de tiro, ou quem sabe? Até de um gandula...

Quando estas substituições realmente dão certo podemos entender como as fórmulas tradicionais que foram repetidas por décadas deixam de ter importância, E como deverão se preparar os novos executivos para exercer as suas funções de líderes de equipes.

Mas, ao analisarmos os empreendimentos de sucesso, vamos constatar que os seus líderes sempre foram derrubadores de mitos e acabaram por se tornaram eles próprios criadores de novos mitos.

Se pensarmos nos lideres do passado esta ousadia de buscar novos paradigmas é mais fácil de aceitar, afinal os paradigmas ainda estavam sendo estabelecidos. Hoje em dia, porém, há um apreciável grupo de bilionários que não completaram os seus cursos universitários e muitos outros que começaram os seus negócios nas garagens de suas casas ajudados por meia dúzia de parentes e amigos.

Em todos os casos a chave para seu sucesso foi atrair e manter em suas equipes (desde a primeira até as mantidas em suas grandes empresas) gente tão dedicada quanto eles em obter o sucesso.

A minha conversa com este grande executivo era como hoje é possível identificar estas pessoas e atraí-las para as nossas equipes diante de um mar de outras opções continuamente colocadas diante deles e mais ainda, diante dos melhores.

Hoje cada integrante de uma equipe tem especialidades que tornam o seu emprego único. Uma boa equipe é formada por campeões em suas atribuições e a perda de qualquer um se torna realmente uma grande perda, pois não será fácil contratar outra pessoa para aquele lugar naturalmente se ele estiver fazendo as coisas certas.

Quando cursei há algumas décadas o IAG da PUC, do Rio de Janeiro , vejo hoje que fui muito empreendedor e ousado para dizer o mínimo.Na ocasião era formado em Direito por uma das melhores faculdades do país; era jornalista empregado numa das maiores editoras , chefiava uma equipe de profissionais reconhecidos no mercado (todos mais velhos do que eu) e tinha a experiência viva de ter trabalhado na maior agência de publicidade do mundo.

No IAG, nenhum de meus colegas fazia ou iria fazer coisas parecidas com as que eu fazia e com absoluta certeza nas minhas áreas de atuação deixando cabotinamente aqui toda a modéstia de lado, achava que quem poderia dar aulas sobre todos os temas seria eu.

Mas, de saída, nas primeiras aulas recolhi-me à minha insignificância e passei a respeitar os professores pelo muito mais que sabiam até sobre temas que eu deveria saber e não sabia. Eles sabiam mais vendo tudo sob ângulos que jamais havia considerado no meu dia a dia.

Ou que não havia prestado atenção para saber, o que constitui o maior mal da ignorância. Quando você decide não se interessar por algum assunto de que entende trata-se de uma decisão ditada por sua inteligência. Quando você nem sequer sabe que não sabe equipara-se a um burro olhando para um palácio.

E durante todo o curso levei o meu burro a entender melhor vários palácios, desde os técnicos devidamente equacionados e relacionados às pesquisas de grandes autores até os nascidos da experiência vivida dos professores.

Um destes ensinamentos não usuais foi o de como deveríamos prosseguir o meu aprimoramento profissional dali em diante. Foi exposto ao longo de uma conversa informal durante uma aula e sugerido como uma dica fora do conteúdo das disciplinas da grade: deveríamos estar atentos a quatro fases neste processo de adquirir e utilizar conhecimentos ao longo de minha vida. Na seguinte ordem:

1.Saber saber
2. Saber fazer
3. Fazer saber
4. Fazer fazer


Estas quatro fases não se tornaram um mantra obsessivo em minha vida, mas de vez em quando me forçava a analisar o momento para ter certeza de estar seguindo a ordem certa. (continua)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Subliminar é a propaganda capaz de robotizar os consumidores. É tudo de mal que possa ser imaginado para tornar a propaganda demoníaca. Mas...



Nela, como num passe de mágica, o consumidor é atingido por uma sutileza visual – tal como o único quadro num filme com o nome de um refrigerante que embora não seja racionalmente percebido por ninguém teria levado os espectadores a comprarem mais refrigerantes daquela marca do que das outras ao saírem do cinema do que de qualquer outra.

Diante desta invasão não autorizada à mente dos espectadores este tipo de propaganda foi proibido nos mais diversos países. Especialmente nos EUA e na Europa, mesmo sem que houvesse uma clara evidência de que alguma reação iria ocorrer com os consumidores após a sua veiculação.

Há razoáveis motivos para acreditar que a origem da proibição da propaganda subliminar nunca existiu, foi um factóide que, no entanto gerou um buzz favorável a quem cuidou da proteção das mentes dos consumidores.

Há um motivo de ordem prática impossível de ser derrubado: as pessoas saem do cinema para a rua e não para o seu lobby onde estão as pipocas e refrigerantes. Na rua os ex-expectadores buscam os mais variados locais para se alimentar, tornando uma pesquisa precisa sobre os refrigerantes preferidos pela maioria extremamente complicada e altamente imprecisa, a ponto de me levar – mesmo sem ser especializado em pesquisa – a não aceitar seus resultados, quaisquer que fossem eles, como dignos de fé.

Mas todo este desmentido não quer dizer que a propaganda subliminar não exista. Ao contrário, existe e é extremamente eficiente, mas nos casos relatados não foram criadas com a função de se tornarem subliminares. Não foram, pelo menos até este momento, vistas como uma forma insidiosa de invadir as mentes dos consumidores.

Bastos Tigre, o publicitário autor dos versinhos do Rum Creosotado, “Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro...” que foram vistos por todos os passageiros dos bondes brasileiros também foi o autor de um slogan que agiu na minha visão como subliminarmente na mente de todos os brasileiros e alguns latino americanos em espanhol:

Se é Bayer é bom.

O slogan foi criado em 1922 e se tornou num ícone quase religioso, que apelava para a exposição da palavra Bayer em forma de cruz (com o Y no meio) e conseguiu subliminarmente sem desrespeitar a crença religiosa dos brasileiros assegurar aos produtos Bayer algo muito além das suas qualidades medicamentosas.

Durante mais de 20 anos os produtos Bayer pelo simples fato de exibirem a marca com a cruz já chegavam à mente dos consumidores “divinizados”, portanto muito além do que pudesse dizer a concorrência. E a repetição contínua do Se é Bayer é bom na cabeça de todos consumidores.

Nesta categoria de medicamentos de uso popular a Bayer só veio a ter a sua importância reduzida quando o rádio tornou o comercial do Melhoral lembrado por todos :

– Melhoral, Melhoral é melhor e não faz mal!

Ao recorrer maciçamente a uma nova forma de mídia, cada vez mais popular, o Melhoral ganhou da Cafiaspirina da Bayer e se tornou líder, sem sequer mencionar que o ácido acetilsalicílico era o mesmo componente do concorrente.

Em carros de som postados diante de farmácias, por todo o Brasil, crianças e as pessoas que passavam eram convidadas a cantar o jingle, ganhando prêmios na hora ao fazê-lo.

Outro exemplo de propaganda subliminar até hoje não apontada pelos críticos da sua utilização foi a campanha do cigarro Free, da Souza Cruz feita pela Ogilvy&Mather por Luiz Vieira, a partir dos anos 80 do século passado.

O conceito de liberdade presente no nome foi magnificamente dramatizado numa série de comerciais de muito bom gosto mostrando gente sofisticada fazendo comentários sobre baixos teores e índices de nicotina em ambientes completamente diferentes de qualquer lugar freqüentado pela maioria dos consumidores.

Inclusive os mais sofisticados.

O aspecto subliminar das mensagens não se fez presente naqueles comerciais por aparecerem textos escondidos na tela, ou palavras mágicas pronunciadas de trás para a frente, mas por uma promessa difusa de igualar o consumidor da marca a pessoas de um nível social, cultural, econômico superior e invejável.

Aquelas pessoas dos comerciais sabiam das questões relacionadas aos males possivelmente presentes em cigarros fortes, mas tratavam o assunto sem radicalismo, num ambiente de muita liberdade.

Resultado: o Free tornou-se o líder nas marcas de baixo teor, em todas as classes sociais, e não apenas nas classes mais esclarecidas, mais sofisticadas, mais capazes de tomar decisões inteligentes.

Não acredito que na concepção da campanha tenha havido a intenção de torná-la subliminar, num ataque coordenado e consistente ao âmago da mente dos consumidores.

Mas foi exatamente isto que ocorreu. E foi tão bem feito, meio por acaso, que até hoje acredito que estes aspectos subliminares da campanha jamais foram expostos em algum texto.

Os apelos “demoníacos” em textos invertidos com a marca de um refrigerante –“ Drink Coca Cola”, inclusive anúncios pesquisados agora pelo University College London com palavras positivas e negativas exibidas em flashes para influenciar a memória de quem foi por elas atingido, me parecem muito mais exercícios vazios do que testes conclusivos quanto à sua utilização.

O que todo profissional de comunicação tem como desejo oculto é levar consumidores a comprar cada vez mais os produtos e serviços por eles anunciados. O máximo dos máximos deste anseio vem quando o consumidor compra muito sem nem pensar porque faz isto, ou porque ache que faz isto porque quer.

Sem ter sido influenciado por ninguém. Esta certeza de que não foi influenciado por ninguém é exatamente o efeito da propaganda subliminar.

domingo, 11 de outubro de 2009

- Veja bem!...

A sucessão de notícias que podem ter alguma influência em nossas vidas escorre todos os dias pela Internet, antes mesmo de chegar aos jornais, televisão e revistas.

Desde o Rio ter sido a cidade selecionada para sediar as Olimpíadas de 2016 à premiação com o Nobel da paz para o Obama milhares de outras novidades, cuja importância para cada um de nós tem graus bem diferentes estão todos os dias nos pegando.

A depredação feita pelos ativistas do MST nos laranjais, máquinas e sede da fazenda da Cutrale e ontem a aprovação pelo Congresso argentino de legislação restringindo a liberdade de imprensa, são outros dois casos que levarão amigos a nos perguntar:

- O que você acha?

E nós podermos iniciar as nossas respostas com um - Veja bem!, ou não.

Um fato surpreendente e virgem - sobre o qual não houve tempo de divulgar as opiniões dos "formadores" de opinião oficiais - é a hora da verdade para os personagens que deveriam ter suas opiniões formadas sobre o que ocorre.

O ingrediente sem o qual se torna impossível dar uma opinião sobre o que quer que seja é a informação mais profunda. É ,tal como advogados e juizes de um processo, termos o nosso processo bem instruído.

E é aí que estão as grandes armadilhas nas quais todos podemos cair, e frequentemente, caimos.

Se em nosso cérebro já temos firmemente estabelecido um conceito sobre qualquer tema, uma nova informação sobre aquele tema somente será processada depois de passar e ser aprovada pelo conjunto de certezas prévias que temos sobre ele.

O Nobel da Paz para o Obama, só para tangilibilizar o dito aqui com um exemplo, será "interpretado" pelos solidamente "anti-americanos" de forma radicalmente diferente dos apaixonados pelo way of life dos nossos irmãos do norte.

E como cada grupamento destes tem suas ideias formadas pelos fatos que desejaram conservar em suas cucas, é possível e até muito provável, que os anti-americanos apoiem o prêmio enquanto parcelas dos apaixonados pelos EUA serão absolutamente contra a homenagem ao presidente do país.

Quem teria mais razão?

Para isto precisaria haver um completo conhecimento dos critérios dos membros do comitê, como eles debateram a concessão do prêmio. Precisaria se saber o que falaram os que achavam o Obama merecedor da honraria e o que disseram os que foram contrários a ela. Algo impossível nesta segunda parte.

Posso afirmar sem medo de errar que faltou uma trisquinha para que 100% das opiniões sobre o Nobel do Obama terem sido dadas por pessoas diante de suas próprias certezas do que de qualquer certeza relacionada à forma de como os homenageados são escolhidos.

Usei o Obama apenas como um exemplo, mas este exemplo se aplica a tudo o mais que alinhei no início deste texto e de tudo o que ocorre no mundo hoje.

Um pesquisador australiano, em 1935, previu que em 2037 mais de 80% das pessoas da Terra - a julgar pelo o que ele constatava na época - seriam loucas. Ele tinha a garantia de 100 anos para não ser desmentido...

Loucas seriam conforme a sua lógica as mentes incapazes de lidar com a realidade.

Não concordo com ele.

Tenho como certo que o percentual de alienados da realidade aumentou e ainda vai aumentar muito nos próximos anos, mas também tenho a evidência de que o compartilhamento de verdades cada vez mais intenso via Internet em especial já é a vacina para garantir a nossa sanidade nos próximos tempos.

Mas, tal como nas vacinas, é preciso acreditar nelas e aceitarmos a injeção sem muito choro.

Poderíamos a cada dia exercermos o nosso direito a fazer outra pergunta como a primeira resposta quando nos fazem perguntas.

Consta que Sócrates foi reconhecido exatamente por suas dúvidas socráticas.

Pelas perguntas dirigidas por ele a quem lhe perguntava alguma coisa o inquiridor acabava por concluir o que precisava saber.

A história nos revela que este tipo de comportamento não foi muito sadio para o próprio Sócrates. Obrigado pelos juizes a tomar cicuta, inclusive por não concordar com as penas impostas e altamente desejáveis a qualquer um interessado em continuar vivo diante do processo a que foi submetido, desde que abdicasse de suas ideias.

O perigo da nossa cicuta de hoje (o politicamente correto - ou incorreto) é o grande obstáculo para barrar o grande período iluminista a que todos hoje já temos acesso.

Veja bem! - todos temos de nos dedicar a isto como se nossa saúde mental dependesse disto! Você concorda?

- O que você acha?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Chibatadas X Modernidade . Este mundo é muito grande

Abdul-Jawad, um árabe de 32 anos, divorciado e pai de 4 filhos foi sentenciado a 5 anos de prisão e 1000 chibatadas por ter contado num programa de televisão da Lebanese Broadcasting Corporation (LBC) sua vida sexual antes de seu casamento.

Abdul tinha um conversível vermelho e um telefone celular (olha aí a modernidade) e deu uma entrevista em seu quarto de dormir no programa "in Bold Red", um sucesso de audiência no mundo árabe, ao dizer e mostrar o que fazia com brinquedinhos sexuais e lubrificantes com as moças que conquistava diante de shopping centers via seu celular.

Foi preso em agosto e rapidamenre julgado pelo tribunal integrado por líderes religiosos - algo tão oficial como era a Inquisição dos velhos tempos - que não tiveram dúvidas ao proferirem a sua sentença.

Amigos e o irmão de Abdul comentaram que ele de fato está perdido. Seu conversível vermelho e seu celular foram confiscados, ele foi demitido. Depois de sair da cadeia e ter levado os 1000 açoites "não conseguirá trabalhar nem no governo nem na iniciativa privada por ter sido condenado por indecência moral".

Diante da notícia que me chegou pela Internet, enviada pela Reuters, tive muita pena do Abdul fiz algumas comparações com as nossas grandes queixas no Brasil e também considerei as minhas notas anteriores cheias de otimismo diante de um mundo que se moderniza a cada dia.

Minha conclusão meio óbvia: o Abdul, tal como o passarinho que come pedras, devia saber das consequências de seu ato.

Dizer o que ele disse aos telespectadores da sua região terminaria fatalmente em punição: dois amigos seus que apareceram no programa foram condenados a 300 açoites e... a dois anos de cadeia cada um.

Mas, o que mais me assusta é que o Abdul e amigos moram no nosso mesmo planeta.

Portanto, aqui vai uma recomendação: tenha sempre muito cuidado com o que vai dizer e onde vai dizer.

Nem sempre ser chamado de aloprado é a condenação máxima que alguém leva quando faz besteiras em outros lugares desta nossa Terra.

Como entrar no “controle remoto da vida” de seus clientes?



Este mês de outubro de 2009 em outras épocas quando aconteciam menos coisas e tudo era muito mais lento corre o risco de ser lembrado como início de uma nova era.

A nova e desafiante era da integração das mídias digitais que já afeta o seu dia-a-dia, mas ainda é vista pela imensa maioria de nós como apenas mais "umas novidades a serem destrinchadas".

Diane Mermigas, editora e colunista do Mediapost e de uma série de publicações dedicadas a explicar a comunicação nos tempos atuais, informou hoje na BNET news, baseada numa pesquisa da Synovate em 11 mercados globais que os smart phones e outros dispositivos móveis estão se tornando os “controles remotos para a vida” de seus usuários.

E ela apóia o que escreve com alguns fatos:

• Três quartos dos pesquisados, incluindo 82% dos norte-americanos, não saem de casa sem seus equipamentos.

• Um quarto dos pesquisados em 11 mercados possuem mais de dois equipamentos móveis. Nos EUA 20% destes possuem smart phones.

• Os usos mais generalizados destes equipamento, além de falar e enviar mensagens de texto, são: despertador, câmera e jogos. Os americanos informam que ainda não sabem usar outros dispositivos nos equipamentos.

• Nos EUA e no Reino Unido o acesso 3G está explodindo devido ao acesso à Internet e às redes sociais.

• As mensagens de texto estão aumentando tanto e ganhando tanta importância que boa parte do relacionamento pessoal, namoro e suas conseqüências estão nascendo do uso dos equipamentos móveis.

Por outro lado o Kindle, da Amazon e o Sony reader ganharam mais espaço no planeta. No dia 7 de outubro o Globo tornou-se o primeiro jornal brasileiro via Kindle no planeta. O Kindle internacional (a pouco mais de R$ 1000,00)tornou-se disponível no Brasil. E se para nós este preço seja ainda é MUITO salgado, há para nós o consolo de que a maior queixa e o maior obstáculo ao um sucesso do e-readers tipo MP 3 é justamente o seu preço.

A Forrester concluiu em uma outra pesquisa nos EUA sobre os custos dos e-readers Kindle e Sony (US$ 489,00 e US$299,00, respectivamente ) que ainda estão demasiadamente elevados.

Daí existir uma grande pressão dos consumidores por smart phones e netbooks de preço mais baixo e que de alguma forma estes equipamentos passem a ter funções semelhantes aos e-readers.

E se existe a demanda não tenho dúvida de que ela será atendida, promovendo a convergência de equipamentos reunindo infinitamente mais informações e interações possíveis em nossas mãos.

E nas mãos dos clientes que precisamos acessar, não mais apenas comunicando o que achamos que devemos comunicar a eles, mas comunicando o que eles quiserem que seja comunicado a eles do jeito escolhido por eles.

Independente destas próximas transformações previstas a venda de e-readers e e-livros, segundo a Forrester, irá crescer em 2009 50% sobre 2008. E as suas vendas vão dobrar a cada dois anos pelo menos.

Isto tudo significa que os usuários vão dedicar muitíssimo mais tempo a seus controles remotos da vida e menos às demais formas de comunicação.

Portanto para não corrermos o risco perdermos o passo da comunicação eficiente, interativa e relevante devemos nos tornar mais eficientes, interativos e relevantes.

E naturalmente antes dos concorrentes...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Radar TVA para avaliar negócios e empresas



Ao longo destes anos sempre fiquei intrigado com a capacidade das agências de avaliação de riscos darem notas em empresas, países, negócios.
Também ao longo destes anos sempre admirei a capacidade gerencial dos norte-americanos.

Há muitos que atribuem esta enorme capacidade de gerenciar às experiências com a logística na 2ª Guerra Mundial, havendo até quem ouse dizer que os americanos ganharam as batalhas fora dos campos de batalha, com a sua capacidade de manter as suas posições, seus exércitos, suas tropas.

Lembro de ter lido algo sobre a ocupação do norte da África em que junto com as tropas chegaram também as tábuas de privada em quantidade suficiente para todos os combatentes. Isto para dizer o mínimo.

Quem garantia as tábuas de privada não iria deixar faltar combustível, munição, guardas de trânsito e tudo o mais que pudesse assegurar as conquistas feitas em batalhas.

Daí em diante os nossos irmãos do norte botaram as manguinhas de fora e se posicionaram como os reis da boa administração.

Americano passou a ser sinônimo do que era bom. Não foi sem motivos que surgiram no Brasil as Lojas Americanas que já dizia em seu nome que tudo ali era bom e merecia confiança.

Voltando às agências que avaliam as qualidades das empresas especificamente cheguei ao radar cuja imagem exponho aqui acima.

Neste gráfico com 12 pontos a avaliação das empresas é feita sobre;

1. Oportunidade de Mercado - É preciso que a empresa tenha diante de si a oportunidade de trabalhar um mercado de bom tamanho. Nos EUA, algo como de 500 milhões de dólares e possibilidade de crescimento de pelo menos 10% ao ano.

2. Marketing e Estratégia de Vendas - Os investidores precisam ter certeza de que a companhia sabe definir os seus caminhos e avançar com confiança.

3. Competição . É preciso saber como está o equilíbrio entre o projeto da empresa e seus competidores. Se há competidores há mercado e haverá mais competição.

4. Experiência em empreendimentos - A equipe gestora tem experiência em desenvolver empresas? Este pessoal gerou resultados em outros empreendimentos? Em outras ocasiões ?

5. Equipe de gerentes - Funcionam em harmonia entre si? São reconhecidamente competentes? São capazes de trabalhar como uma verdadeira equipe?

6. Compromisso dos fundadores - Eles têm posto o seu dinheiro no negócio? Têm feito investimentos necessários? Quando eles fazem isto a pontuação da empresa sobe bastante neste quesito.

7. Diretores e Conselheiros - As boas empresas têm competência para atrair grandes diretorias e bons conselheiros. Nada relacionado a belos currículos apenas. É preciso ter gente dedicada ao sucesso da empresa.

8. Performance financeira - É preciso que os investidores constatem projeções financeiras promissoras e realistas.

9. Valor do Investimento - É preciso saber como a organização irá usar os recursos que nela forem investidos.

10. Realizações - Algo muito genérico, mas crucial numa análise. Bons contratos contando com bons parceiros estratégicos acelera o crescimento da empresa.

11. Estrutura corporativa e estrutura dos acionistas majoritários - O tipo de sociedade pode atrair ou repelir investidores externos. A questão das empresas familiares sem abertura para gente de fora não é desejável.

12. Propriedade Intelectual - São as patentes, marcas, marcas registradas e renome no mercado.

Faça cópias do radar e dedique-se ao esporte de analisar as empresas mais próximas, a começar pela sua.

Depois se aprimore na análise de outros Radares TVA (capture na Internet) e ganhe um pouco mais de conhecimento sobre o mercado.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O quebra- cabeças de Arquimedes e a vida prática. Ou como justificar as suas imperfeições


Há alguns anos eu que nunca aprendi mesmo a jogar xadrez e me sinto um pouco recalcado por esta minha incapacidade, li que “quando mais alguém sabe jogar xadrez... mais sabe jogar xadrez...”.

Naturalmente quem disse isto também não devia jogar xadrez e tinha recalques contra jogadores que segundo o seu ponto de vista nada aprendiam com as suas jogadas magistrais além de jogar xadrez mesmo.

Jogadores de xadrez não viravam estrategistas, nem se tornavam grandes planejadores, nem gênios inventores de projetos de marketing que tenderiam sempre a dar mais certo do que aqueles imaginados pelos “não jogadores” de xadrez.

Tudo isto me veio à cabeça a partir da minha fascinação por um quebra-cabeças cuja autoria é atribuída a Arquimedes (287 a.C. - 212 a.C.), que está sendo redescoberto como um dos maiores gênios da espécie humana, mas que é lembrado pela maioria pelo fato de ter saído correndo nu de uma banheira gritando “Eureka”. Ou achei, em grego.

Ele ao dar a sua corrida pelado descobriu que o seu corpo imerso deslocava exatamente o seu volume em água.

Se a banheira estivesse cheia até a borda toda a água derramada quando Arquimedes entrasse nela seria igual à massa de Arquimedes com precisão absoluta sem precisar fazer nenhuma conta para saber, por exemplo, a massa das pálpebras, o efeito do umbigo, e qualquer outra sutileza para chegar ao número definitivo e correto.

Há um novo livro no mercado – o Codex Arquimedes – que traz ao centro do palco um Arquimedes inventor e engenheiro e o primeiro sábio a dentre outros feitos ter calculado o valor de PI.

Esta história do PI e de sua importância, conforme pesquisa rápida, se torna um conhecimento importantíssimo quando sabemos que o rolar das ondas numa praia, o trajeto aparente diário das estrelas no céu, , o movimento das engrenagens e rolamentos, a propagação dos campos eletromagnéticos e um sem número de fenômenos e objetos, do mundo natural e da Matemática, estão associados às idéias de simetria circular e esférica. Tudo baseado no 3,1416 etc, que estudamos no colégio.

O estudo e uso de círculos e esfera era a especialidade de Arquimedes . O Pi é uma das constantes universais da Matemática, e se não tivesse sido percebido praticamente não haveria matemática, para ser o mais objetivo possível.

Portanto quando nós nos deparamos com um quebra-cabeças inventado por uma pessoa como Arquimedes temos de dar a ele uma atenção especial. O quebra-cabeças chamado de stomachion está no topo desta página de onde você pode copiá-lo.

O nome em grego era relacionado às dores de estomago que afetavam a quem procurava montar as suas 14 peças no formato de um quadrado.

Passados os tempos descobriu-se que o quadrado pode ser feito com mais de 2 000 combinações das partes o que humilha ainda mais quem não consegue montar o quadrado em apenas uma arrumação de suas 14 peças.

Tudo isto me veio à cabeça por causa das habilidades dos jogadores de xadrez.

Será que as pessoas que conseguem resolver o stomachion e montar os quadrados são pessoas melhores e mais capacitadas do que aquelas que não conseguem resolver o problema?

Na minha visão de marqueteiro em que as reações humanas desejadas por nós são deflagradas por propostas sutis em que buscamos tocar nas cordas mais profundas da sua razão e das suas emoções tenho a quase certeza absoluta que nada ocorre no mundo com a precisão de um quebra-cabeças que encaixa com precisão todas as suas peças.

De saída acho que na vida real o encaixe perfeito NUNCA existe, mas também tenho a certeza de que o que pareça mais próximo do encaixe perfeito é o grande segredo do sucesso dos que conseguem ter sucesso.

Todas as atitudes humanas – desde chupar um Chica-Bom, como dizia o Nelson Rodrigues para definir a coisa mais simples do mundo que podia ser mal feita pelos menos capacitados – abrem perspectivas para a execução falha.

No esforço de fazer a coisa certa – montar o quebra-cabeças da vida com todas as suas peças alinhadas certinho – a maioria das pessoas tem dores de estômago que hoje atendem pelo nome de stress. Stress, todos sabemos, mata.

Se você copiar e montar o quebra-cabeças do Arquimedes será muito bom para o seu ego. Mas, lanço apenas o meu alerta; não pense que ao fazer isto você seja mais capaz do que quem não consegue montar o stomachion .

Pois, estes incapazes podem ser por exemplo o seu chefe, seu governador, seu presidente e serem absolutamente incapazes de pensar em resolver o stomachion.

Mas quem consegue fazer mais coisas com mais sucesso têm a capacidade de diante de um problema sério chegar à solução mais próxima da perfeição, embora possa estar longe da perfeição matemática.

Acho que a grande virtude desejada e pedida a Deus é saber chegar à melhor solução. E não morrer por não ter chegado à solução perfeita.