quarta-feira, 2 de março de 2011

Os males e as vantagens do Google para quem escreve




Eintein disse um dia que a imaginação era mais importante do que o conhecimento.



Até há algum tempo o texto não relacionado à vida acadêmica podia conter imprecisões diversas sem que isto o tornasse uma completa bobagem.

Esta imprecisão endêmica era perfeitamente visível nas cartas de leitores aos jornais.

A pessoa se dispunha a opinar sobre alguma notícia e "compreensívelmente" errava nas suas citações , pois todos sabiam que aquele leitor não era um jornalista.

Portanto podia deixar de lado estes cuidados com a precisão.

Todos imaginavam que os jornalistas contam sempre com os departamentos de pesquisa dos jornais, de arquivos imensos onde vivem todas as informações do mundo.

Com o Google - também com os outros mecanismos de busca - isto mudou.

Se um leitor de jornal se deixa levar pela retórica do bebedor de chopp no botequim, quando acusa uma pessoa por ter feito ou deixado de fazer alguma coisa em tal data tem chance de errar de ponta a ponta e caracterizar-se como um idiota verboso.

E ainda há uma quantidade imensa destes idiotas verbosos que independem de sua capacidade de conviver com as verdades registradas. E combate nos seus escritos "as verdades" que na sua imaginação - ou ideologia - constituem-se, estas sim, em inverdades indiscutíveis.

Tal como achar (mais ainda ter certeza e fé) que o Fidel e seu irmão são benfeitores da humanidade, em Cuba, como Kadaphi se acha ainda hoje o benfeitor do povo na Líbia,que estaria disposto a morrer por ele.

Ora, o Google pode até permitir e endossar bobagens muito repetidas a ponto de parecerem verdades, mas o pesquisador esperto - que souber usar as facilidades que tem ao alcance de seus dedos - vai encontrar a verdade por baixo das informações incoerentes sobre o que estiver buscando.

Falo isto porque me senti meio vigarista hoje quando me dei conta de que muito do que tenho escrito nestes últimos tempos tem sido depurado em pesquisas no Google.

Uma informação que somente em poucos momentos reconheci nos meus textos.

Poderia estar me fazendo de muito culto, de muito bem informado, e o pior , de pessoa completamente competente no tema abordado, sem margens para erro, pois o meu texto dizia tudo o que precisava ser dito sobre o tema.

Daí a minha dúvida explicitada no título acima.

Qualquer pessoa alfabetizada , e quanto mais alfabetizada melhor (em inglês, francês, italiano, alemão, italiano, grego, russo, japonês, javanês, escolha você qualquer língua) será capaz de se tornar numa fonte de sabedoria que nunca na história deste planeta alguém poderia imaginar que pudesse existir.

E parecer que ficou assin por favorecimento divino. Ou por ter recebido este dom de conhecimento universal nas boas escolas que frequentou , na sua magnífica família, nas empresas ou örganizações em que trabalhou, e assim por diante.

Na verdade, se você tiver de escrever sobre qualquer tema, em qualquer língua que você conheça regularmente, só não será capaz de fazer isto se não tiver disposição para fazê-lo.

Este é o lado mau do ponto de vista ético do acesso total às fontes que permitirão você escrever sobre o que quiser. Pois o seu texto estará à prova de quaisquer críticas referentes à precisão dos dados.

Ora, qual seria então o mérito de poder escrever, ou de escrever, qualquer texto?

Faça um teste com você mesmo.

Imagine um tema de que você não entenda nada e escreva um artigo sobre ele.

Coisa secreta, só para você ler.

Pode ter a certeza de que ao fim de seu trabalho você estará se sentindo capaz de escrever sobre qualquer coisa.

E no entanto, e aqui vou expor o lado das vantagens do Google, você não será capaz de escrever coisa alguma que valha a pena de ser lido.

Há umas boas décadas ouvi numa conferência sobre marketing nos EUA que a escala desejável de preparação de um profissional - na era pré-Internet - passava por quatro estágios ou quatro passos:

1. A coleta de dados
2. A transformação dos dados em informação
3. A transformação da informação em conhecimentoa
4. A evolucao da connhecimento em sabedoria para a resolução de problemas.

As pesquisas feitas com o suporte do Google e de todas as ferramentas de busca são uma fonte inesgotável e constantemente renovadas de dados, e de informações.

Mas requerem a inteligência pessoal para evoluir daí para a sabedoria.

Desde a bobagem do super computador nos EUA perder para dois humanos ao responder perguntas do tipo o que é tal coisa por que não conseguiu deduzir se Paris Hilton era uma mulher ou um hotel.

A síndrome do Paris Hilton hotel ou da Paris Hilton devassa não é ainda percebido nos mecanismos de busca por mais sofisticados que sejam, como por exemplo no computador preparado para superar os humanos espertos.

Portanto o veredito do Pio é francamente favorável às pesquisas que apoiam textos, mesmo quando o autor não dá crédito às pesquisas no Google para apoiar o que esteja dizendo.

Numa explicação simplista: ninguém diz que está escrevendo algo em português por saber português, pois isto é o óbvio ululante. É a premissa não explicitada pois a sua própria existência é auto explicativa.

Num texto em que você leia algo e deseje saber mais sobre qualquer coisa que ali está sendo dita em alguma de suas partes, de seus parágrafos, a coisa mais simples a fazer é selecionar as palavras, copiar as palavras, ou as frases, colar o texto todo no Google e esperar os microsegundos enquanto o texto suspeito apareça (ou não) em seu contexto original.

Hoje mesmo, 2 de março de 2011, um ministro alemão valorizadíssimo pela Angela Merkel, pediu demissão do seu cargo ao ter o seu doutorado, já antigo, cassado pela universidade onde o adquiriu quando alguém , fazendo este tipo de pesquisa, descobriu que ele chupou a sua tese de fontes não mencionadas.

Só por este tipo de cassação o Google já mereceria um lugar de destaque ä direita de Deus pai todo poderoso...

A grande virtude de quem se empenhe em escrever algo que tenha sentido é o uso de sua capacidade de gerar e usar sabedoria ao galgar os degraus na sua escala de conhecimentos..

Será que alguém já disse isto?