segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Tanta informação e você tem sempre a certeza de que sabe ... cada vez menos!


Lamento, mas é bem possível que nós todos deveríamos considerar esta roupa quando falamos sobre os milhares de fatos que estão longe de nosso entendimento.



Primeiro as coisas lá de fora: O que será melhor para os Estados Unidos, o Barack ou o Mitt?

Em seguida, o que será melhor para o Brasil, que os americanos elejam o Barack ou que eles elejam o Mitt?

E para o mundo? Mitt ou Barack?

Não há como negar as simpatias pelo Barack, mas qual é a sua certeza de que estas simpatias não surgiram devido a um bem sucedido processo de comunicação de marketing?

Numa visão de “marciano” que nunca tenha estado na terra e fosse muito capacitado a entender qualquer coisa analisando apenas os fatos, é quase certo que ele diria que o Romney é muito mais representativo do povo norte-americano do que o Barack.

Mudemos o foco das nossas dúvidas: vai haver eleição num grande condomínio de luxo em sua cidade: Para quem vão as suas simpatias – que não mora lá, não tem amigos no condomínio, não pretende morar na região nem muito menos ser vizinho daquele condomínio?

O Zé ou Juca?

Um deles torce pelo Flamengo o outro pelo Fluminense. Você nunca esteve com nenhum dos dois, e só soube de suas torcidas porque leu uma notinha no jornal do bairro.

Aqui você pode dizer: tanto faz com absoluta confiança e certeza . Tanto faz mesmo.

Vamos mudar o cenário:


Você acompanhou entusiasmado a “primavera árabe” iniciada na Tunísia onde um camelô entrou no couro por uma violência policial que por lá era a regra desde sempre.

A violência contra o cara foi um rastilho de pólvora de desenho animado que saiu explodindo barris pelas margens do Mediterrâneo mudando governos “estáveis” que mandavam em seus respectivos países por dezenas de anos, sem qualquer contestação maior visível pelo resto do mundo.

Estranho, não é?


Todos brasileiros temos alguma relação com os mouros, seja como herança cultural – palavras como álcool, álgebra, revelam parte da nossa herança árabe fruto da ocupação por eles da península ibérica por 800 anos. Isto ocorreu há quase 1000 anos...
Olhe para um português e identifique nele traços mouros, afinal eles estiveram em Portugal por 800 anos. Não é sem razão que em geral nos damos bem com “turcos” – sírios, libaneses, palestinos, turcos , mesmo – que chegaram por aqui nos últimos 100 anos.

Mas, a não ser por estas aproximações históricas poucos brasileiros têm relações mais emocionais com os muçulmanos.

Antes destes anos de mudanças havia uma marcha de Carnaval em que “Alá, meu bom Alá, manda água para Ioiô, manda água pra Iaiá” levantava os foliões sem qualquer temor de condenações pelos líderes religiosos maometanos. Daquela época ...

Quando a “primavera árabe” surgiu já nos chegou simpática pelo bom nome e pela certeza de que finalmente estes caras deveriam fazer alguma coisa contra estes bandidos que mandavam naqueles países pouco se importando com o que acontecia a seus povos.

Muito bonitinho, e irrespondível. Qualquer pessoa bem formada não podia ser a favor dos Kadafis, dos Mubarack, do cara da Tunísia, do Iemen, da Arábias saudita, e de quem mais aparecesse na lista dos árabes malignos.

Mas, como na eleição dos síndicos do condomínio de luxo, usado como exemplo no início deste texto, nem eu, nem você, nem ninguém que não estivesse envolvido nos países sabia como separar simploriamente os mocinhos dos bandidos em cada lugar destes.

Houve algumas dicas: como ganhavam o seu sustento aqueles milhares de homens – poucas ou nenhuma mulher – que geravam imagens de fúria “democrática” todos os dias na praça Tahir do Cairo?
Não seria ali acenando bandeiras e sacudindo os braços que cada um deles ganhava o dinheiro para manter as suas casas. Nem se soube na ocasião exatamente contra quem protestavam: o Mubarack representava as forças armadas. Tinha sido piloto de caça e estava no poder há uns 30 anos...

Quando finalmente foi posto para fora foi substituído pelas... forças armadas.


Seria como se trocássemos aqui um governo cheio de corruptos e mensaleiros representando por uma pessoa, e em seu lugar instalássemos a junta superior de seu mesmo partido.

Um absurdo, não é?


Mas, o que nós temos a ver com isto?

Eles que são “árabes” que se entendam, seria uma boa resposta.

Só tem que você e todos os que torceram pela “primavera árabe” deveriam acrescentar a seu vestuário um nariz vermelho de palhaço.


E o melhor é que ficassem com ele definitivamente na cara.

Sabe porquê?

Por que tudo o que acontece no mundo e nos chega incessantemente pela Internet, tvs, jornais e revistas é uma visão unilateral de alguém. Como dizia o detetive Hercule Poirot da Agatha Christie sempre fica faltando responder a uma pergunta chave : a quem interessa o crime?

Quanto mais distante de nossa realidade, mais difícil julgar sobre os interesses subjacentes a todas estas notícias. Pior ainda é se ver compelido a assumir partidos.

Quer algumas provas?


Quem tem razão nesta questão das ilhas disputadas numa guerrinha – ainda diplomática – entre a China e o Japão?

E quem tem mais razão os russos que prenderam as mocinhas do conjunto “que desrespeita as leis russas” ou o mundo inteiro que quer vê-las livres continuando a fazer o que faziam? Aliás,. Você sabe o que elas faziam?

Há grandes publicações a que você pode recorrer para tentar entender mais profundamente estas questões. Mas fatalmente você vai se tornar um chato irrecorrível.

Pois para entender cada casinho destes você tem de entender o contexto em que ocorrem.

E para quê você precisa saber estas coisas?

Curta a sua vida em vez disto. Não se transforme num idiota que não consegue localizar o Brasil num mapa, nem saber de que lado fica a Ásia ou a Oceania.

Mas, a conclusão dura é que ser um habitante da Terra profissional requer muito mais entendimento do que ocorre por aqui do que é possível saber pelos meios habituais de comunicação.

Há uma publicação chamada “Facts on File” que pode ajudar a você entender o mundo pelo menos umas 100 vezes mais do que qualquer pessoa “comum”.

Hoje, além da informação impressa, há o mundo da atualização on line – paga e bem paga – sobre todos os assuntos.

Para você ter uma ideia, cada informação nova tem a referência sobre a informação anterior sobre o mesmo assunto.

Qualquer notícia pela própria necessidade da informação abrangente cita a informação anterior e dá acesso a ela.

Os serviços de espionagem do mundo inteiro seriam bem mais confiáveis se todos assinassem o “Facts on File” e agissem em função disto...

Há outros serviços destes, mas o citado aqui serve apenas para comprovar como o volume crescente de informações apenas nos ajuda a saber menos sobre o que de fato está ocorrendo.

Pena que não haja um “Facts on File” para o Brasil, para a sua cidade, para o seu bairro. Mesmo por que isto seria impossível.

O que não é impossível é você jamais abdicar de seu interesse em buscar a verdade por trás das notícias.

E de imediato botar para escanteio as pessoas, autoridades, políticos e jornalistas que tentem enganar você, tornando o nariz vermelho palhaço parte de sua apresentação no dia-a-dia , mesmo que as outras pessoas nem sempre percebam o nariz em sua cara.

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