quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meio século de muitos obrigados. Muito sinceros.



Na data de hoje, há 50 anos, eu comecei a trabalhar como repórter estagiário no Jornal do Brasil, no prédio da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro.

Desde então ao longo de todos estes anos sempre tive um teclado para escrever o que deveria escrever nos mais diversos ambientes, até chegar aqui em meu lap top meio atônito com a extensão de um tempo de 50 anos passados , mas muito feliz ao constatar as muitas alegrias decorrentes desta estréia há exatamente 50 anos.

Foram 50 anos de contínuo “estágio”, em que eu, com toda a sinceridade que este tempo possa assegurar às minhas palavras, estou sempre consciente de que estou aprendendo todos os dias e que há muito mais a aprender do que tudo o que já aprendi.Ou vá aprender.

Não vão faltar temas novos para apurar, tentar entender e relacionar estes fatos com a vida vivida a cada dia. E saber por experiência própria que a vida vale a pena.
Vale as penas todas que recebemos como preço de estarmos vivos.

Por isto tenho que agradecer neste texto a uma multidão de amigos e amigas que tiveram -sabendo disto ou não- a oportunidade de me ensinar algo.

Começo com o Araujo Netto, que era o chefe de reportagem do JB.

Em abril de 1960 perguntei ao porteiro do JB onde era a redação. Subi o elevador até (acho eu) ao terceiro andar, um espaço antigo, num prédio já antigo, repleto de mesas e máquinas de escrever tendo ao fundo, junto das janelas, a mesa de uma pessoa que parecia ser o chefe.

Naquele tempo ninguém parava você em lugar algum, nem perguntava o que você estava fazendo ali. Fui até ele e disse que achava que era jornalista e se ele podia me admitir como estagiário no jornal.

Não conhecia nenhuma pessoa no jornal e ao fazer a pergunta nem sabia o nome de quem eu estava falando.

Ele me olhou, deve ter feito perguntas gerais, tais como o que eu fazia (estudava direito no Catete – hoje UERJ ) devo ter dito que falava inglês e francês e que escrevia desde criança .

- Olha, a capital vai mudar para Brasília dia 21. Volta aqui no dia seguinte que vamos precisar de estagiário na reportagem.

Pronto, em menos de três minutos agendei a minha entrada numa carreira que me proporcionou grandes alegrias. E muito aprendizado.

Na redação no dia 22 fui rapidamente apresentado aos meus coleguinhas e às minhas coleguinhas a quem o Araujo Netto recomendou que me ajudassem.

Ganhei uma mesa e acho que no mesmo dia fui cobrir a posse de um ministro do trabalho no prédio do Ministério do Trabalho que evidentemente não tinha ainda ido para Brasília.

Neste primeiro momento as minhas coleguinhas que me acolheram com tanta simpatia e graça foram a Ana Arruda (bem antes de vir a casar-se com o Antonio Callado) e a Maria Ignez Duque Estrada. Elas já eram pioneiras no jornalismo e anteciparam meu relacionamento e aprendizado com uma seleção de mulheres que daí em diante foram essenciais na minha carreira.

Tive o apoio delas, no Jornal do Brasil, quando falei com elas de uma matéria sobre as obras que iam começar para fazer o Aterro do Flamengo.

Queria ir lá ouvir e conversar com dezenas de pessoas que viviam nas pedras junto à Avenida Beira Mar, dentro das saídas de rios e esgotos e que iriam "perder as suas casas" com a construção do aterro.

O Araujo Netto aprovou a idéia e me mandou para lá com um fotógrafo também muito jovem – eu tinha 19 anos – o Walter Firmo que havia sido contratado pelo JB há pouco tempo.

O Firmo já era um gênio na captura de imagens dramáticas e verdadeiras e foi graças às suas fotos que obtive a primeira página do JB com a reportagem assinada pelo estagiário. Um momento inesquecível.

A partir daquela data adquiri a certeza de entender muito mais sobre os desvalidos do que qualquer outro pesquisador que não tivesse conversado com alguns deles.

Esta disposição de buscar a informação na própria fonte confiando, mas também desconfiando nas informações repassadas por terceiros, passou a ser um procedimento que só identifico agora como um hábito meu ao escrever este texto.

O que quero transmitir a quem o leia é que cinqüenta anos depois de entrar numa redação pela primeira vez gostaria de continuar este meu longo estágio por quantos anos mais eu possa.

Quero que você que me lê, que trabalhou comigo saiba que considero um privilégio ter trabalhado com tantos amigos, tantos chefes, tantas pessoas, tantas mulheres capazes, tanta gente que me trouxe idéias, tantas que eu pude ajudar em seus sonhos como o Araujo Netto me ajudou ao me aceitar na redação do JB há exatamente 50 anos.

Muito obrigado a todos. Vocês vão ter de me aturar enquanto tiver um teclado ao alcance das mãos.

4 comentários:

Paulo Kirschner disse...

Pio,
É muito bom quando a partir de certa época de nossa existência começamos a ter consciência de que ao longo do tempo agregamos às nossas vidas a preciosíssima SABEDORIA, como você tão bem o tem mostrado a todos nós, seus seguidores neste blog.
Parabéns pelos primeiros cinquenta anos. Sinto-me feliz por ter podido compartilhar, de perto, alguns desses anos com você.
Seu amigo e admirador,
Paulo Kirschner

Fábio Adiron disse...

Pio

Meus parabéns, eu também sou de 1960...mas esse é o meu ano de nascimento.

Obrigado pela sabedoria que você acumulou e distribui para todos nós

João Marcelo disse...

Pio, concordo com todos!

Rapidamente, em algum momento destes 50 anos, você também passou a ser um professor, mesmo em uma atividade irmã, responsável pela formação de centenas de profissionais de Marketing Direto e mais, pela formação do próprio mercado, grande e lucrativo como é hoje!

Eu tenho muito orgulho de ser um destes!

Parabéns, com toda a admiração e gratidão que um estagiário de 19 anos, fanático por Marketing Direto, pode ter por um presidente de grande agência que o levou a sério e ensinou as coisas que ainda usa até hoje!

Muito obrigado!

João Marcelo

Braulio França disse...

Parabéns e continue teclando!