segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Olavo Bilac, como você nunca viu

Há algum tempo escrevi sobre o prazer da leitura das boas poesias. Cheguei a recomendar que diariamente cada um de nós lesse e desse atenção ao que nos dizem os poetas que tanto invejo pela inspiração recebida das musas...

Nos anos agitados do século 20 toda a minha geração, dedicada a atividades práticas como o marketing, deu menos atenção aos nossos grandes poetas do que eles mereciam.

Um deles Olávo Braz Martins dos Guimarãse Bilac, o Olavo Bilac, é um dos mais festejados, com o seu nome pelo menos lembrado por quem nunca tenha lido seus textos.

Pois bem, me deparei com uma poesia do Bilac que vai dar a você uma outra visão deste clássico autor brasileiro. Uma visão que aposto você nunca iria imaginar num nome tão importante da nossa literatura.

E aqui vai:

O PARAÍSO


A pálida Ramona
É uma formosa dona,
Moça e cheia de encantos:
Tem a graça e a malícia do Demônio...
E, aos vinte anos, uniu-se em matrimônio
Ao Chilperico Santos.

Ornou-lhe a fronte de gentis galhadas...
E, quando ele, entre as gentes assustadas,
Passava assim, — que sustos e que espantos!
Por fim, morreu... foi pena!
- E a viúva, serena,
Casou de novo... com Silvério Santos.

Fez o mesmo ao segundo que ao primeiro,
E, louca, ao mundo inteiro
Andava namorando pelos cantos...
Ele morreu. E a pálida senhora,
Serena como outrora,
Casou... com Hermes Santos.

Fez ao terceiro o mesmo que ao segundo...
Depois dele, casou com Segismundo
Santos... Depois, sem lutos e sem prantos,
Sem se lembrar dos pobres falecidos,
Foi tendo por maridos
Uns onze ou doze Santos!
............................................
Ninguém jamais teve maridos tantos!
Mulher nenhuma teve menos siso!
E, por ter enganado a tantos Santos,
Quase, com seus encantos,
Converteu num curral o Paraíso...

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