segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Será que você faz uma diferença? Tenho a certeza de que isto só depende de você. 3

Pronto, estou chegando às minhas definições relacionadas ao título destes três textos.

Depois de passar dos mecânicos de automóveis mergulhei nas definições de matemática da Wikipédia para na minha visão preparar o ambiente para fazer a você as minhas ponderações do dia. Na expectativa de não ter roubado o seu tempo durante esta leitura.

Diante da nossa contínua busca por certezas houve na definição da matemática mais valorizada pelo redator da Wikipédia uma frase crítica para todos nós a que chegaram nas últimas décadas do século 20:

Matemática é a ciência das regularidades (padrões).

E é justamente quando fazemos a análise das regularidades e dos padrões que todos nós “matematicamente” podemos nos sentir muito pequenos, tão pequenos que ao fazer uma avaliação do que fazemos e do que podemos fazer é muito mais fácil recolherno-nos à nossa insignificância do que lutarmos em qualquer área para nos tornarmos significantes.

Nos últimos 10 ou 15 anos de minha vida tenho dedicado por coincidências profissionais a ajudar entidades dedicadas às boas ações a obterem a contribuição de novos associados às suas causas.

Não há limites para este tipo de atendimento obtido pela participação de terceiros: pode ser para causas ecológicas, sociais, educacionais, culturais, qualquer uma que julguemos merecedora de um honesto e sincero esforço de buscar mais gente interessada em proporcionar os mesmos benefícios para uma outra série de pessoas.

Ora, durante muito tempo, eu e muitas das pessoas que conheço na qualidade de “pagadores de impostos” no Brasil, sabemos que pagamos percentuais elevadíssimos de impostos e taxas para o governo com as suas várias faces.

É dinheiro que não acaba mais. E dinheiro que todos "entregamos a eles” para resolverem todos os problemas do país que não estejam no âmbito de nossas famílias, relações, empregos ou atividades.

Mais ainda, a nossa definição não muito detalhada do que seja a nossa felicidade pessoal é também ditada pelos mesmos mecanismos simplistas derivados deste tipo de raciocínio.

E compromete sobremaneira a nossa forma de pensar no que fazemos de relevante para os demais. Há uma frase de Ghandi que lida com atenção e bem pensada me ajudou a desvendar o mistério do que seja a felicidade.

E a felicidade é a razão pela qual vivemos todos, desde o mais generoso altruísta ao mais temível chefe de gang.

A constituição norte-americana, num momento genial de seus redatores, colocou em seu texto que a “busca da felicidade” merecia ser uma perspectiva assegurada a todos os cidadãos por seus governantes tendo como base aquele texto constitucional.

Ora. Ghandi disse:

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.

Outro conceito sobre felicidade (e importância de existirmos) para o qual peço a sua atenção vem de um poeta gaucho cuja vida não me parece ter sido um mar de felicidades. Disse Mário Quintana:


Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.


Portanto neste texto simples voltado exclusivamente à busca de uma percepção: se o que fazemos faz ou não diferença proponho ainda como axioma de que fazer para obter a felicidade: a busca do petit bonheur, a pequena felicidade.

Um conceito do Adamo, um compositor francês dos anos 60 que nunca foi visto como um grande gênio da música, mas que teve o mérito de expor um tema tão interessante de forma tão sintética numa canção da época.

Ele valorizava diante de todas as coisas a persistência da repetição das pequenas felicidades, das pequenas satisfações pois com estas repetições simples e repetidas elas tornavam-se grandes o suficiente para nos tornar mais felizes a cada dia.

O mesmo se aplica, creio eu, quando cogitamos se a nossa vida faz ou não faz diferença para as demais pessoas.

Tenho a certeza de que tudo o que fizermos, por menor coisa que seja, se tiver sido feito com a disposição de proporcionar um melhor momento para os demais nos demonstrará que podemos fazer diferença. E isto nos traz sempre felicidade.

Dou aulas uma vez por semana. No momento em que estou dando uma aula, e não importa o nível acadêmico dos alunos ou participantes, me empenho sempre em estar ali fazendo o melhor para que aquele saber de segunda mão possa ser incorporado como saber vivo a quem dele compartilhe comigo numa aula ou numa conferência.

Confesso que nestes momentos de doação de algo tão sutil quanto possam ser ideias e conceitos profissionais sinto – mesmo que eventualmente os alunos possam não estar sentindo o mesmo naquele momento – uma profunda satisfação pessoal.

Claro que tomo todas as providências para que a forma de transmitir o que penso permita à audiência seguir racionalmente o que digo. Mas,o meu objetivo mais profundo é que aquelas sementes plantadas brotem com mais vigor ainda naquele solo.

Vou mais longe, e peço que não veja no que vou dizer um declaração demagógica: no meu projeto na busca do que seja essencial na vida vou até ao ponto de dar a quem me ouve a oportunidade de apropriar-se daqueles conceitos como seus, esquecendo-se até de que os ouviu pela primeira vez de mim.

Isto, quando sou um falador contumaz, já ocorreu várias vezes na minha vida. Quando ouço as minhas próprias palavras ditas como se fossem definições de outros não consigo me sentir "roubado" de ideias que afinal de contas não seriam patenteáveis.

Confesso também que quando ouço anos depois alguma destas ideias atribuídas a mim fico ainda muito mais feliz!

Portanto, amigo e amiga nesta leitura, se há algo a sugerir para a sua busca do prazer de viver e da certeza de que a sua vida faz alguma diferença para os outros siga a linha indicada por Ghandi.

É como navegar em veleiros: o objetivo principal é o de chegar a algum lugar, mas 100 % do prazer está em esforçar-se para chegar até lá apesar das correntes contrárias, dos ventos complicados, do mar agitado. E sermos vitoriosos quando superamos todos estes obstáculos.

Sugiro que você todos os dias procure ser gentil de coração. Não seja gentil apenas para aparecer bem na foto. E como recomenda o Mário Quintana preste muita atenção para não desperdiçar os momentos de pequena felicidade com que nos deparamos todos os dias em todos os lugares.

Desde que levantamos da cama até que voltemos para ela encontramos centenas de pessoas que não sabem como para nossa felicidade é importante dar a elas um petit bonheur.

A letra do petit bonheur diz o seguinte no trecho que mais me interessa:

Petit bonheur
deviendra grand
Pourvu que Dieu Pourvu que Dieu
Nous prete un autre jour
Petit amour
deviendra grand
Tout doucement Avec le temps
Et les serments autour.

Parece até que eu seja um apreciador dedicado de poesia. Não sou tanto assim , mas confesso que tenho muita inveja dos poetas ...e dos matemáticos também...

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