sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dos deuses gregos aos shopping centers de hoje

Sem que você precise ser um especialista em Grécia antiga e nos deuses inspiradores de tantos belos templos com certeza sabe como os gregos tinham deuses especializados em todas as atividades humanas.

Penates, por exemplo, era o deus especializado nas coisas do lar, Poseidon nas coisas relacionadas aos mares, Afrodite no amor, e se você consultar a wikepedia vai encontrar deuses numa quantidade tal que possivelmente os corredores do Olimpo ficavam engarrafados a qualquer hora do dia.

De certa forma, sem qualquer intenção de desrespeitar o Olimpo, uma atitude destemerada, podemos cogitar hoje se foram os deuses que criaram todos os gregos ou se foram os gregos que criaram seus deuses na medida das necessidades de proteção para cada uma de suas atividades.

Nunca um grego do Vº século a.C se surpreenderia desprotegido por falta de um deus capacitado a lhe dar cobertura diante do problema.

Os gregos antigos em poucos séculos, além de terem criado os seus deuses, demonstraram a sua inteligência e obtiveram o respeito de todas as gerações que os sucederam. Toda a filosofia nasceu ou derivou de um pensamento surgido ali e naquela época em primeiro lugar.

Os templos e a pluraridade de deuses - o politeismo - deixaram de existir. Mas ao que tudo indica a necessidade de relacionarmo-nos com estes deuses nunca deixou de ser uma presença dominante na vida e no inconsciente dos homens.

A igreja católica - na tradição originada de nossos primos judeus - reconhece um só Deus e fez desta decisão algo tão definitivo que não foram poucos os descrentes incinerados em fogueiras por questionar este fato. Isto no tempo em que heresias assim tinham consequências terríveis para os condenados por praticá-las.

Mas, mesmo nestes rempos rígidos, os cristãos recorreram a "genéricos" dos deuses gregos ao buscarem a proeteção de santos, devidamente reconhecidos pela igreja, para atender suas necessidades pessoais.

Claro que Deus - em especial o Deus dos católicos - está sempre presente. Mas, para atender necessidades menos pomposas, não há nada como a fé nos santos especializados.
Santo Antonio, para os casamentos, Santa Edwiges, para as dívidas, São Cristóvão para os motoristas, Santa Clara para os meios de comunicação e assim vai, pois no calendário há mais santos do que dias em cada ano.

Igrejas em substituição aos templos gregos antigos também são dedicadas aos santos e a dela ocorrem multidões, como no caso de São Jorge, que além de ser cultuado como um guerreiro no Brasil, é o santo oficial da Inglaterra, anglicana.

Mas há bastante tempo não eram construídos os Parthenons - os grandes edifícios em que se cultuava todos os deuses gregos de uma forma ou de outra.

Nestes grandes templos uma das formas mais diretas de demonstrar respeito, devoção ou agradecimento pela graça alcançada era o sacrifício. Que podia ser material, bens oferecidos aos sacerdotes, morte de animais, e até de pessoas em situações extremas.

A necessidade de comparecer a lugares imponentes, neles cultuarmos deidades específicas hoje se realiza - de forma ainda mais imponente nos shopping centers.

Pense um pouco.

Volto ao assunto em breve.

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