quinta-feira, 2 de julho de 2009

Os chineses têm pelo menos 6 000 anos de história

Estive na China semana passada. Fui a Hong Kong e de lá entrei 200 quilometros pela China à dentro. Constatei o óbvio, trazido todos os dias pelo noticiário, coisas como a economia animada, acima dos níveis ocidentais com disposição, fôlego e necessidade de continuar crescendo cada vez mais.

E vi também que apesar das enormes diferenças, a começar pela língua, pratos preferidos, maneira de se comportar em público os chineses em HK e na China propriamente dita são muito parecidos conosco e com os outros povos da Terra em sua busca por melhores momentos em suas vidas.Na verdade esta é a maior motivação em tudo o que fazem.

Apesar do peso do noticiário nos informar que milhões de chineses sobrevivem com salários de um dólar por dia, ou coisa semelhante, há milhares de chineses empreendedores que estão realmente ganhando dinheiro na China e inspirando a estes milhões a buscarem suas oportunidades sabendo que isto pode ser feito num regime comunista.Os chineses que ganham mais são os principais compradores de imóveis de 2 milhões de dólares nos melhores lugares de Hong Kong, para começar.

O que talvez seja a minha constatação mais marcante e que faço questão de transmitir aos amigos é que não há a hipótese de pensarmos na China e nos chineses como merecedores de comiseração devido às dificuldades porque passaram e porque passam ainda milhões de chineses espalhados por todas as suas províncias.

A grande vantagem deles é a esperança fundada de que poderão melhorar as suas vidas e as vidas dos seus familiares pois as portas mais largas, ou mais estreitas, e até as fendas estão abertas.Há condições de ganhar um pouco mais do que ganhavam ontem e de ganhar muitas vezes mais do que ganham hoje.

O problema mais duro a superar não está na China.Está no resto do mundo que nas próximas décadas vai na minha opinião , se adaptar a este novo papel dos chineses em suas economias e no seu dia-a-dia.

Hoje de manhã soube que o Sérgio Cabral assinou um contrato com os chineses para instalação de uma siderúrgica de capital chines no norte do Estado do Rio. E que 70% do minério de ferro exportado este ano pela Vale foi para a China.

Imagino que da mesma forma que nossos antepassados firmavam os olhos inicialmente na Europa, para ficarem por dentro do que estava acontecendo no mundo (Santos Dumont, por exemplo, saiu daqui para inventar o avião na França) e depois nos Estados Unidos da América, criando toda uma terminologia em inglês para identificar novos formatos de negociar e ganhar dinheiro (como marketing e shopping centers) nos próximos anos todos seremos levados a buscar inspiração na China.

Conversei com eles com o olhar de jornalista e repórter combinado com o de marqueteiro e aprendi muito como ser humano- o que foi o maior beneficio desta minha viagem.

Vou daqui em diante tocar mais nesta questão chinesa, pois pretendo ficar cada vez mais atento ao que eles fazem, pois nos seus mais de 6 000 anos de civilização contínua inventaram algumas coisas que todos usamos: bússola, pólvora, papel, impressão, literatura, poesia, artes visuais, tecidos de seda, e muito mais.

Desta caixa vão sair muito mais novidades...

2 comentários:

João Marcelo disse...

Pio! Obrigado por compartilhar, aqui no Almanaque, suas experiências!

Lembro ainda de 1993 quando, na Caravana da ABEMD, tive a oportunidade de viajar para a DMA em Toronto junto com você e mais uns 40 colegas da ABEMD. Lembro de ter acompanhado algumas de suas pesquisas pelos bancos da cidade, para o Banco Real, que tinha acabado de te contratar...

Eu também sou admirador e "usuário" da cultura e sabedoria chinesa, uma vez que uso sempre os recursos de acupuntura e outros para mim e para minha família... realmente fantástico imaginar que tanta coisa interessante pode logo chegar até nós!

Tomara que não seja só pela próxima novela da Globo.....

Entre essas memórias e o seu texto sobre a China fiz essa agradável viagem no tempo...

Pio Borges disse...

Por falar em estar atento, me parece que o sangue dos mandarins reforçado pelos dragões por lá existentes em todas as partes não gosta de dissidências.
Mais do que baixar o pau, eles tiram as vidas...
Mesmo assim vale a pensa ver e acompanhar...