Se até há pouco tempo você podia desculpar-se por alguma decisão sua por não ter tido acesso a todos os dados, hoje, e pior, amanhã, será mesmo impossível alegar a sua ignorância como justificativa seja para o que for.
Sempre fui um leitor de livros. Como decorrência disto comprei e ganhei muitos livros na vida que estão espalhados nas minhas estantes como tags vivos de assuntos pelos quais me interessei e pelos quais ainda me interesso cada vez que os retiro de seus cantos para uma releitura aqui e ali.
Hoje, com uns 10 Kindles possivelmente poderia substituir todos os livros - menos os com páginas a cores, os atlas, os livros de arte, e alguns poucos outros - por tudo aquilo que juntei na minha vida.
O Tiê Lima,que trabalha também na REPENSE, é a primeira pessoa que conheço que comprou e recebeu o Kindle internacional da Amazon e já lê nele, todos os dias, a edição do Globo que o acompanha para onde vai em São Paulo, onde reside.
Hoje, tudo acontece em cada hoje, a Amazon anunciou que vai disponibilizar os seus livros também nas telas dos computadores desde que o cliente siga um determinado caminho que nem quis saber qual seria.
Tudo isto por que ainda não sei o que deva fazer, e como deva fazer o que deverei fazer para atender às minhas demandas por novas informações “livrescas”.
Na Bienal do Livro, no Rio, comprei no estande da Record um livro da Bertrand Brasil, 1421, de autoria de um oficial de marinha inglês dedicado a convencer o mundo que os chineses no ano de 1421 foram os verdadeiros descobridores do mundo, percorrendo toda a Terra com esquadras imensas, comandadas por almirantes eunucos – tinham de ser eunucos, mesmo.
O livro é apenas o ponto de partida, ou de entrada, no site do autor que transformou a sua descoberta dos feitos chineses numa oportunidade para obter a glória em 2009, 560 anos depois dos eunucos chineses terem feito as suas viagens incríveis comprovadas por ele nas páginas impressas do livro.
Este seria o livro típico para ser compartilhado com os leitores por um e-reader que dispusesse de cores para exibir mapas e fotos nítidas dos objetos recuperados de naufrágios dos chineses.
Com o Kindle – todo em preto e branco, e mais todas as tonalidades do cinza – isto não seria possível. Faltam as cores, faltam as pesquisas paralelas que todos gostariam de poder fazer.
Mas, que dentro de poucos anos todos nós vamos ler “livros” desta maneira não tenho dúvidas de apostar seja o que for.
Churchill dizia que quem apostava ou era desonesto ou muito burro. Desonesto quando tinha certeza de sua certeza e muito burro quando acontecia exatamente o oposto.
Neste caso dos e-readers nos próximos anos, nos próximos 5 anos, nos próximos 10 anos qualquer aposta de minha parte me caracterizaria como desonesto por ter absoluta certeza de que isto irá acontecer.
Então para que tanto esforço em dizer isto no Almanaque?
Por outro motivo muito mais importante: agora sem apostar, mas tendo uma nova certeza subjacente de que estas leituras virtuais disponíveis on line vão mudar mais as nossas vidas futuras do que por exemplo, a nossa vida passada mudou com a televisão, com a Internet e com o celular.
Sem tornar este tema mais longo do que já está: todos terão acesso a tudo de bom e de mau, e isto vai ter efeitos revolucionários sobre a moral, sobre a política, sobre a religião, sobre a educação, sobre o relacionamento humano. E até onde eu saiba ninguém ainda está falando sobre isto.
O ser ou não ser vai ganhar uma dimensão jamais pensada por Shakspeare (como ele se assinava) do que ele podia imaginar.
Será mais ou menos como um navegador solitário que hoje , simplesmente ao apertar uma tecla num GPS, sabe exatamente onde está sem fazer um único cálculo para definir sua latitude e sua longitude aproximadas.
Neste novo mundo de certezas quem souber usar as simples ferramentas de busca de informações estará tão capacitado quanto o pós-graduado na mais respeitada universidade.
Eles terão acesso instantâneo às mesmas informações.
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