Assim como na sua caixa de ferramentas o técnico tem peças e ferramentas com potencial para ele fazer todos os consertos a caixa de ferramentas de uma organização é a capacitação profissional de seus funcionários e colaboradores.
Assim como a porca ou alicate deixam de ser apenas potencialmente as soluções para que um aparelho volte a funcionar, o profissional só deixa de ser potencial quando demonstra na prática que foi capaz de usar as ferramentas certas aliadas à sua capacidade de usá-las para resolver os problemas com que se deparou.
Um novo colaborador é contratado - qualquer que seja o seu número de anos no mercado – porque foi avaliado pelo seu saber saber. Mas, logo em seguida, é avaliado por sua capacidade de saber fazer.
Uma das atividades profissionais mais oportunistas desenvolvidas pelos homens foram os seguros. Nasceu com os mercadores babilônios e fenícios que usavam embarcações e caravanas para transportar produtos para a venda em locais distantes e por vezes se viam, devido a naufrágios ou ataques de bandidos, destituídos de todos os seus bens. Por vezes na mais negra das misérias.
A ideia do seguro nasceu da união de todos que concorriam entre si ao calcularem que se destinassem uma pequena parcela de seus ganhos para um fundo que permitisse pagar as suas perdas inesperadas fariam um bom negócio.
Um negócio que lhes daria muito mais tranqüilidade de vida e a certeza de continuação de seus negócios independente dos problemas com que se deparassem ao transportar as suas riquezas de um lugar para outro.
Um líder na indústria de seguros e um pensador sobre o seu negócio me disse um dia que segurar era saber administrar riscos, e só isto.
Se todos os navios passassem a afundar e todas as caravanas fossem assaltadas os valores referentes ao fundo para indenização seriam insuficientes para cobrir os prejuízos e se a “seguradora” se dispusesse a pagá-los iria à falência.
Este é o mesmo risco que uma empresa ou um executivo correm ao contratar alguém aprovado pelo seu saber saber.
O saber fazer é o risco de naufrágio ou de assalto à caravana desde a “invenção” do seguro. O risco neste caso é se o contratado souber saber, mas não souber fazer.
Para tornar o problema mais real perguntamos: e se quem sabe fazer não sabe saber, e for incapaz de superar esta limitação numa escala num tempo admissível?
Pareto, o mesmo Wilfredo Pareto da lei que define que 80% dos lucros virão de 20% dos clientes, era um estatístico e matemático dedicado a entender melhor como funcionavam os homens e quais as relações numéricas que podiam ser deduzidas deste funcionamento.
A sua segunda lei, que descobri num livro de James Webb Young é a que estabelece que em qualquer atividade humana haverá sempre os speculateurs e os renteurs, em francês mesmo, pois Pareto apesar do nome era francês e viveu na França.
Os speculateurs como ele os definiu eram as pessoas que faziam, que ousavam, que propunham mudanças e mudavam o mundo. Eles dentre outras virtudes sabiam fazer.
Os renteurs eram os que se aproveitavam destas mudanças quase sempre sem arriscar o seu pescoço.
Em qualquer sociedade os speculateurs segundo Pareto eram cerca de 10% de todas as pessoas.
Eram eles que além de saberem saber, sabiam fazer, e iam além, arriscando os seus pescoços ao fazerem saber o que faziam e propunham e colhiam os louros (quando tudo dava certo) ao fazerem os demais fazerem o que inventaram.
Cheguei ao Pareto muitos anos depois do IAG e depois de muitas constatações de que o processo de quatro pontos não era linear. Ao longo da vida e ainda hoje em especial estou mais do que nunca dedicado a saber saber, pois para identificar novos membros de uma equipe é preciso hoje saber saber o que eles precisam mesmo saber.
Os que sabem fazer serão sempre a maioria da população. Dentre eles estão os 90% de renteurs dentre os quais irão se salientar os que irão atingir a fase do fazer saber, em livros, aulas, conferências e palestras. E dentre estes irão sobrar para o bem da humanidade os 10% que serão mesmo capazes de fazer fazer.
Proponho um exercício para as suas horas de lazer: classificar os amigos, colegas e parentes pelo peso percentual de cada uma destas fases em suas vidas.
Qual é seu peso no saber saber, no saber fazer, no fazer saber e no fazer fazer?
E, claro, para começar e aferir a sua capacidade de fazer estas avaliações nada melhor do que começar por você mesmo.
Garanto que este exercício torna qualquer pessoa mais capacitada ao escolher o seu novo time.
4 comentários:
Pio... fiquei sem folego! Vou precisar reler algumas vezes para comentar depois....
Por enquanto, obrigado por compartilhar sua inteligencia conosco!
João Marcelo, já desconfiava que este excesso de palavras era demasiado. Mas, acho que vale a pena pensar nestas coisas...
Começando desde já uma análise percebi que depende do momento que estou vivendo e o assunto que me deparo, ora sei e faço, ora não sei e aprendo e por aí vai...quando a preparação encontra oportunidade, BOOMMMM! Fazer...fazer...
Pio, certamente vale sim! Na verdade, essa e a principal caracteristica deste almanaque... muita informacao e muito pensar...
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