Rodei uns 2 mil quilômetros de carro entre o Rio de Janeiro e Chavantes, em São Paulo uma cidade próxima a Ourinhos. Fizemos Teresinha e eu a viagem em 9 horas com as paradas de praxe e a introdução gloriosa do velocímetro oral invenção dela para avisar cada vez que o carro estava acima de 120 km/h.
Mas, o que mais me impressionou nesta viagem foi a constatação da beleza de nossa Terra, não só a Terra brasileira, ou da Terra paulista.
Fui me maravilhando com as belezas de nosso planetinha, com as cores da vegetação, as áreas plantadas gerando alimentos, as cidades, cidadezinhas, vilarejos em que seres humanos trabalhavam (enquanto eu viajava nas minhas feriazinhas) criando novas riquezas.
E novamente me vi preocupado com uma destas minhas bobagens recorrentes: a minha quase certeza absoluta de que nós - em um planeta como a Terra - não temos semelhantes neste universo impossível sequer de ser imaginado.
Não sou maluco sozinho em relação a este tema : Enrico Fermi, o físico italiano, residente nos Estados Unidos e um dos pais da bomba atômica levantou a hipótese de nossa solidão no universo nos anos 40 e a levou até 1954, quando veio a falecer bem moço (nasceu em 1901) mas já laureado em 1938 com um prêmio Nobel de Física.
Fermi especulava que até aquela ocasião nenhum sinal de vida em qualquer lugar do universo havia sido detectado por nós aqui na Terra. E ele considerava seriamente a hipótese de estarmos mesmo sozinhos.
Passaram-se mais de 60 anos. A ciência evoluiu em saltos quânticos neste período e aqui estamos nós em 2009 sem ter detectado qualquer sinal de vida em outros corpos celestes, que dizer de vida inteligente como somos forçados a qualificar a nossa vida...
Sempre que fico mais tempo em contato com o mundo natural, no mar, no campo, fora das cidades não consigo deixar de me maravilhar com a vida a meu redor.
Os mesmos átomos que fazem parte do solo, do ar, das águas daqueles lugares ao se combinarem de outras formas foram capazes de gerar vidas que se renovam e evoluem há alguns milhões de anos.
Nós próprios somos um milagre (cada um ou cada uma de nós) pois somos o resultado desta renovação, destas reproduções sucessivas que mergulham por milhões de anos no passado. Poucas vezes me dou conta deste privilégio genético milagroso e único.
E se realmente Fermi estiver com a razão?
Você consegue imaginar que podemos ter na Terra as únicas formas de vida do universo que nos rodeia?
Numa das últimas descobertas confirmadas pelos cientistas mais capazes me garantem que há mais corpos celestes do que grãos de areia em todas as praias da Terra.Muito mais do que as 6 mil estrelas que vemos a olho nu, numa noite clara.
Se pensarmos que em todo este mundo de areia exista um único grãozinho em que a vida surgiu , e que nós somos parte desta vida é no mínimo assustador.
É um bocado duro - se isto for verdade - estarmos aqui sozinhos neste universo.
Onde ficamos com Deus, com os nossos deuses, com a nossa fé e a nossa razão de existir?
Como podemos imaginar este fato e na verdade como podemos imaginar qualquer coisa?
Dai o meu susto na viagenzinha de férias. Se estamos realmente sozinhos temos no mínimo a obrigação de repensar neste privilégio todos os dias.
E tratar de fazer por merecê-lo embora, reconheço, não tenhamos outra alternativa...
4 comentários:
Uma vez, quando era adolescente, olhei para a estante de livros do meu pai e dois livros, que li, me chamaram a atenção! Eram eles, "Eram os Deuses Astronautas" e "Atlântida, a Cidade Perdida" depois disso nunca mais achei que estamos sozinhos no universo, mesmo que os livros não provem nada...Se cada um de nós fizermos um pouco em nosso planeta a fim de preservá-lo e vivermos em harmonia, acho que tudo será um pouco melhor!
Obs. Não sei se os títulos estão corretos. Pio, o Adiron também faz estas viagens por nossa terra, espero fazê-las também...abraço!
Braulio, os Deuses Astronautas e a Atlântida também fizeram parte da minha juventude. Mas agora, na minha fase mais madura, as dúvidas do Fermi estão mais presentes.
Vai haver inclusive em breve um congresso em São Paulo sobre temas controversos da astronomia e dentre eles, com grande destaque, a questão da vida por aí fora.
Da mesma forma que Galileu convulsionou o mundo (e a Igreja) quando constatou que a Terra não era o centro do universo em 1600 e poucos, se esta questão da vida for um privilégio somente da Terra vai mudar muito mais a nossa maneira de ser.
Alguém, alguma coisa, algo tornou a vida possível por aqui há alguns milhões de anos.
Esta vida evoluiu e chegou a nós e a este blog.
Como acomodar toda a nossa fé religiosa com esta constatação?
Pelo menos atá agora?
Lembro do cinismo de um jornalista tarimbado ao receber a missão de escrever uma matéria sobre deus, pois a semana santa iria ser comemorada.
Ele, botando o papel na máquina de escrever fez uma única pergunta a seu chefe:
- A favor ou contra?
A favor ou contra!
Impressiona e assusta tambem o profissionalismo desse rapaz.... quanta coisa lemos, acreditamos e levamos a serio... livros, revistas, sites... sem saber que alguem ¨brifou¨ um ¨a favor ou contra¨?
Prezado Pio,
Muito bom poder compartilhar de suas grandes dúvidas. Pena não termos um blog acompanhado de umas cervejas geladas para este papo poder fluir mais gostoso. Mas, mesmo a seco, aqui vai a minha lenha para a sua fogueira.
Como eu penso: no momento da criação, cada uma das partículas surgidas naquele ato saiu em disparada para um lado, sempre em interação com todas as demais partículas. Aquele ato de transformação de energia em matéria (E=mc2) embutiu no sistema uma programação que fez com que, com o passar do tempo, agrupamentos de partículas se transformassem, entre outras coisas, no Pio Borges aqui nesta Terra e em um E.T. em algum lugar deste Universo. Mas, fazia parte também daquela programação, que, com todo a infinita disponibilidade de espaço, o Pio Borges não teria como entrar em contato com o E.T. nem como comprovar a sua existência, enquanto os seus semelhantes (do Pio) não houvessem atingido um grau de evolução que permitisse que tal contato não fosse prejudicial a nenhum dos seres nele envolvidos.
Eu não acho tal programação algo impossível, pois basta olhar, como você mesmo descreveu, as belezas desta nossa Terra, para não duvidar da capacidade do Programador.
Eu usei acima o termo "evolução", sem maiores explicações. Mas não me restrinjo a uma evolução apenas biológica, material, tecnológica mas também moral, espiritual. Acho que ainda estamos bem longe do grau mínimo necessário para podermos participar ativamente da grande comunidade universal. Por enquanto, e ainda por muitas gerações, ainda teremos de curtir a nossa "quarentena" neste grãozinho de areia isolado nesta pequena galáxia perdida na imensidão cósmica desta maravilha da qual queremos tanto participar.
Um abraço do Paulo Kirschner
Postar um comentário