quarta-feira, 8 de julho de 2009

Gosta de debater e convencer os mais próximos de que suas ideias são as mais válidas.

Esta foi a minha segunda recomendação para que os estudantes secundaristas definissem a sua vocação como profissionais da comunicação.

Fiz questão de não exigir uma preferência dos chatos, dos sempre ansiosos de "ganharem discussões" sejam elas sobre o que seja.

O que na minha experiência vejo como necessária é uma cabeça interessada nos temas gerais aos quais tenha pelo menos tenha dado alguma atenção antes de aceitar ou refutar o que possa estar sendo dito sobre ele. Por quem quer que seja.

Não há coisa pior do que a pessoa sempre em perfeita sintonia com os opinion makers de plantão.

Aquela pessoa que vai repercutir "confiante" a opinião do Jabor (nada conta ele, somos amigos e ex-colegas em alguns lugares) ou da Sonia Racy, ou da Miriam Leitão.

Estes são seguidores fiéis que abdicam de fazer a sua própria análise para apropriarem-se como suas, das análises de outras pessoas.

Isto serve para o público em geral, mas não é sadio nem muito menos desejável num profissional de comunicação.

Os riscos de quem tenha este perfil desopiniático são muitos. Dentre eles o de levar pancada da maioria que segue a opinião majoritária, confortavelmente embasada nos conhecimentos e informações de gente "mais capacitada".

Se os geradores de opinião recorrem a dados não apresentados em seus textos podem perfeitamente estar apresentando chutes ou verdades incompletas.

Eu não vi o filme sobre o Simonal, mas acho - pelos depoimentos ouvidos - que aconteceu com o Simonal um julgamento em grande parte injusto e radical que levou a todos que souberam do caso na ocasião a acabar com a sua carreira.

Na nossa atividade profissional que lida apenas com os aspectos mais sutis da inteligência humana é preciso buscar coerência em tudo o que se diga, fale ou escreva. Esta é uma virtude inata, e uma virtude a ser aprimorada constantemente.

Um texto, um projeto, uma proposta de marketing não podem soar como falsos em qualquer de seus pontos.

O Caio Domingues, que foi um dos primeiros chefes meus, e um profissional consistente, criou um anúncio para a sua própria agência, depois de deixar a Thompson em que recomendava a seus possíveis clientes que lessem em voz alta os seus anúncios.

A leitura em voz alta tem a virtude de chamar a atenção para o que temos a tendência de passar por cima quando nos limitamos a passar a vista no texto.

Este simples exercício já levaria muita gente a reconsiderar o que aprovou, ou o que ia aprovar. Atenção: quem deve ler é você e não pedir que alguém leia o texto com as ênfases que deseje colocar.

A consistência neste tipo de discurso só pode ser gerada por quem tenha consistência em sua argumentação. Pronto cheguei à justificativa da minha segunda recomendação!

Tenho horror para uma afirmação ouvida por mim centenas de vezes em apresentações a clientes : - aqui fizemos uma brincadeirinha ...

Brincaderinha que precisa ser explicada é a que não se integra ao contexto correto que deve levar ao convencimento de quem é atingido pela comunicação.

Mesmo que a gargalhada resultante após a leitura possa levar o leitor comprar, e comprar muito o que é anunciado, por isto mesmo jamais pode ser classificada como uma brincadeirinha...

O Ary Barroso tinha um programa de calouros na tv dos primeiros anos. Uma quase certeza do calouro receber o gongo era ele dizer que ia cantar um "sambinha"...´

3 comentários:

Braulio França disse...

Pio, você precisa acrescentar a frase " Uma aula a cada postagem!" no texto do título do blog...Obrigado!

Pio Borges disse...

Ora, Braulio, são apenas conselhos que acho válidos. Para aulas acho que temos uma longa distãncia.
Obrigado, pela avaliação.

Abraços

João Marcelo disse...

Pio! Concordo com o Braulio e acrescento... mais vale um conselho do Pio do que uma aula completa de quase todas as pessoas que conheço (claro, com louváveis exceções!)! Gostaria de ter participado dessa palestra!