segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O que realmente são as maiores perdas na vida e nos negócios?

Algo que vai preocupar a todos nós por uma simples questão de decurso de prazo é o que realmente tem importância na vida.

Tanto na vida pessoal, quanto na vida dos negócios, como no nosso mundo do marketing.

Peço a sua paciência para me acompanhar nestas considerações de hoje.

Sempre tive um grande apreço pela sabedoria acumulada dos mais velhos. Mesmo aqueles que aparentemente não fizeram grandes coisas, não inventaram coisa alguma.

Mas de gente que pelo simples fato de ter vivido tem condições de nos transmitir conhecimentos preciosos muitas vezes desperdiçados pela preguiça que temos ao "não apurarmos" direito o que têm a dizer como me ensinou o Hilton Nobre, o primeiro chefe de reportagem dedicado a me fazer um melhor jornalista.

Ele dizia que nada substituia a ida do repórter ao local. Uma verdade que se aplica a qualquer que seja o tipo de "repórter" (médico, advogado, publicitário, eleitor...) ao local em que as coisas aconteceram ou em que estão acontecendo.

Este fim de semana, numa reunião há muito desejada pelos parentes de minha mulher, nos reunimos num Hotel de Pindamonhangaba com os descendentes da família Benevides de todas as faixas etárias para simplesmente bater papo, reencontramos primos, tios, conhecer netos, bisnetos e falarmos muito.

Não era festa,nem tinha música alta de fundo, era pura conversa.

O mesmo seria aplicável - no meu caso isolado - se tivesse a oportunidade de trazer para um lugar algumas das centenas de pessoas com quem convivi durante muitos anos da vida em jornais, revistas, agências de publicidade, empresas clientes e com uma infinidade de associados amigos, amigos por vezes muito próximos por um bom tempo, deixados de lado devido às mudanças na vida.

Um dentre estes é o João Marcelo que segue este Almanaque, para o meu imenso prazer e orgulho.

Pois bem, neste fim de semana uma tia muito querida , a Tia Juracy, que hoje completa 85 anos de idade colocou no nosso colo um diamante digno de uma coroa imperial.

É evidente que ao longo de uma vida longa as perdas e os ganhos vão se sucedendo com uma "previsibilidade" terrível.

Numa conversa sobre as grandes perdas que todos tivemos coube a Tia Juracy evidenciar uma verdade imediatamente compartilhada por todos que ao compartilharem a sua verdade se tornaram instantaneamente muito mais sábios.

Do grupo com idade além dos 80 estavam presentes apenas quatro representantes já que uma imensa legião de outros são hoje apenas parte de nossas memórias.

Mas ao falar sobre perdas Tia Juracy embora se desse conta das decorrentes das mortes disse que as perdas mais dolorosas e continuadas eram a de pessoas vivas.

A começar pelos parentes que pelos motivos mais diversos deixam este envolvimento familiar carinhoso e intenso sem que se lhes conheçamos os motivos (incluindo desde os parentes distantes até o de irmãos )da mesma forma que isto ocorre com velhos e fiéis amigos.

As mortes são parte da vida e da natureza, mas estas outras perdas são mais chocantes porque o diálogo que seria possivel se torna impossível de um momento para o outro.

O mesmo, sem o conteúdo dramático dos relacionamentos familiares, ocorre quando "mortes de vivos" ocorrem quando trabalhamos com empresas assemelhadas a nossas famílias por anos ou mesmo por apenas meses, e subitamente passamos por um abandono "injustificado" sob o nosso ponto de vista.

Gente é um bicho muito estranho que conta e usa um conjunto de células que tem o nome de cérebro, um órgão incassável em sua tarefa de pensar, de projetar o presente desejado, e o futuro para onde pretendemos ir . E que nos leva a trabalhar todos os dias.

Caramba! O tempo que nós temos para manter esta parceria produtiva com o nosso cérebro é muito curto!

Dos 200 mil anos em que podemos dizer formamos a nossa genealogia com milhões de avós e avós de avós e assim por diante, num mergulho a tempos imemoriais, cada um de nós conta com um maximo de 100 anos para exercermos esta parceria produtiva.

É muito pouco para fazermos todas as coisas boas de que somos capazes e um desperdício de vida quando nos dedicamos a fazer bobagens, como esta coisa de morrer em vida para gente tão interessante com quem deixamos de nos relacionarmos por causas idiopáticas - como classificam os médicos.

Não é sem uma razão mais profunda que a geração presente criou os sites de relacionamento, coisa que não tem muito sentido para a imensa maioria das pessoas, mas uma necessidade zoológica tão intensa como foi a das grandes migrações que os homens primitivos fizeram em busca de melhores condições de vida e sobrevivência da espécie.

(Vá escrever prolixamente assim no raio que o parta!)

Mas, para quem teve a paciência de ler este Almanaque até aqui sugiro que pense um pouco mais nas perdas mencionadas pela Tia Juracy.

Pense um pouco mais e acho que irá beneficiar-se passando a ser ao mesmo tempo um parente melhor, um melhor ser humano, uma pessoa muito melhor e last but not least, um cliente muito melhor ...

3 comentários:

Fábio Adiron disse...

Pio

A morte nos separa fisicamente. Dói mas convivemos melhor com ela, até pela sua inevitabilidade.

As perdas que poderiam ser evitadas carregam, além da separação, o sentimento de que algo poderia ter sido feito ára evitá-la.

Braulio França disse...

Pra mim, publicitário que não vai a campo é manco! E a vida nos separa de pessoas que amamos, meu pai foi embora de casa quando eu tinha 11 anos, perdemos muitas horas de conversa em função disto e até hoje continuamos perdendo. Este é um problema que não consegui resolver. Seria bom se existisse outros almanaques como este os quais falaríamos com pessoas distantes de nossa vida!

João Marcelo disse...

Pio, as pessoas sao mesmo, ao longo de nossas vidas, o que de melhor temos e conquistamos. Os pais, parentes, amigos, filhos, namoradas, esposa(s)...

Seu texto me fez pensar em pessoas que eu valorizei e situacoes onde eu nao fiz, com pessoas que poderiam ainda estar aqui por perto...

Felizmente nao e assim no seu caso... fico muito, muito, muito orgulhoso por ser citado no seu almanaque e ter minha amizade retribuida.

Deixo aqui, publicamente minha gratidao por anos onde, perto ou mais longe fisicamente, fui sempre seu fa, estagiario, parceiro de negocios, associado na ABEMD e, o principal e ate hoje, amigo.