Há alguns anos recebi de presente um DVD com os 500 mais importantes livros já publicados no mundo em todos os tempos.
Fiquei fascinado pois na tela de meu computador tinha a meu dispor obras sobre filosofia, literatura, poesia, religião sem qualquer esforço maior do que um clic para abri-la.
Não mergulhei logo naquela minha nova biblioteca. Mas quando fiz isto no primeiro fim de semana mais folgado me surpreendi adorando o que lia e rapidamente me decepcionando com tanta fartura.
Difícil selecionar UM livro e dedicar a minha atenção TOTAL para as páginas que se sucediam na minha tela . Mais difícil era não cair na tentação de pesquisar os outros títulos para uma lida rápida enquanto dava uma pausa no primeiro título escolhido.
Confesso que pouco tempo depois da alegre descoberta guardei o meu presente precioso e só voltei a pensar nele ao escrever este texto hoje.
Este texto é sobre algo muito melhor do que os 500 livros num só lugar. É sobre os e-books e sobre a diferença que vão fazer em nossa vida.
O kindle foi inventado para dar ao leitor parte das sensações agradáveis que temos como leitores tradicionais de livros. O kindle pode ser lido na cama, no ônibus, no escritório de forma muito mais CÔMODA do que a mesma leitura feita num livro.
Não há o perigo do vento virar as páginas. De termos de pesquisar páginas mais ou menos onde achamos que paramos e deixamos de marcar enquanto vamos ao banheiro, ou beber um copo d'água.
Nele cabem uns 2000 livros, centenas de revistas e jornais atualizados a todo momento - isto nos EUA, naturalmente - e que já torna impossível compará-lo com o os meus 500 livros originais num DVD.
Na evolução do kindle não haverá mais espaço para dúvidas.
Ao sublinharmos qualquer linha será possível chegar às suas fontes, às fontes relacionadas com o tema abordado, aos livros que devam ser lidos para complementar o que se está lendo.
Será também possível acessar via dispositivo de leitura - seja o kindle , seja qualquer outro inventado ou a ser inventado - qualquer informação existente no universo sobre o tema abordado.
Hoje, numa supersimplificação pensada por mim para justificar o que vou dizer adiante, um navegador solitário num barquinho numa viagem de volta ao mundo não precisa de sextantes, nem de cronômetros, nem rádios para localizar-se em algum ponto aproximado de qualquer oceano. Ele simplesmente aperta o botão do GPS e obtem esta informação precisa instantaneamente. Como obtem na mesma tela a sua rota, os ventos,o tempo para chegar a qualquer outro ponto.E tudo o mais que queira.
Pergunto eu: terá o GPS extraído muito do componente de aventura dos navegadores solitários? Ou terá tornado esta tarefa mais acessível a todos os navegadores? Tem até uma menina de 13 anos autorizada pelos pais a fazer esta viagem até agora impedida pelos quixotes de plantão.
Pergunta exagerada? Então vamos lá: a numeração decimal em algarismos arábicos permitiu que qualquer pessoa fizesse contas, antes somente possíveis a sábios capacitados a lidar com ábacos e a registrar os seus passos, talvez em algarismos romanos. Teriam os algarismos arábicos diminuído os skills dos matemáticos ?
No caso dos e-books, ao contrário de minha reação contrária à leitura na tela, tenho tudo para crer que irão aumentar em muito a transferência de conhecimentos para nós mesmos e muito mais ainda para as gerações que vierem depois de nós.
Ninguém vai ficar menos culto, ninguém vai-se tornar mais preguiçoso, nem menos capaz de pesquisar qualquer coisa por abandonar aos poucos os tijolinhos de papel que nós tanto apreciamos.
Eles vão ser muito melhores do que nós. Se isto é pouco, digo mais: eles serão melhores do que os melhores de nós nos dias atuais.
Basta pensar um pouco, se você me permite oferecer esta sugestão.
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