Como comparar a desgraça de Angra e Ilha Grande com a tragédia do Haiti?
Resposta: não há como comparar e se você for alguém muito bem informado ou muito bem informada a medida de comparação vai lhe chegar com a manchete em oito colunas do Globo de hoje: DESESPERO. Há anos que não vejo uma manchete em letras GARRAFAIS, ocupando a página de um jornal de lado a lado.
Caetano, que me parecia endoidecido quando compôs a música que dá o título a este post, devia estar em sintonia com as forças mais profundas da Terra (os dragões que os chineses garantem que estão em todos os lugares) e com as placas tectônicas que se deslocam sem dar a menor atenção a quem esteja por perto.
A desgraça em Angra ou no Haiti é total para quem a sofre. 100% de desespero que começa a perder seus componentes mais trágicos com o passar do tempo e a distância geográfica. A tragédia de Angra já nos parece menos trágica, hoje.
Só que para o Haiti - que nunca conseguiu ser um país estruturado - não me parece que vá haver futuro possível, ao contrário de Angra, e das nossas tragédias locais.
Ontem eu li uma entrevista de um soldado gaucho - que esteve em nossa primeira força de paz no Haiti e escreveu um livro sobre o que viu por lá - que já seria suficiente para que todos que para lá fossem deixassem de fora toda esperança.
Leia a entrevista ou leia o livro e você vai ter, como eu tive, a certeza de que nem o Inferno de Dante poderia promover maiores sacanagens com quem fosse condenado a ir para lá pagar os seus pecados.
Pois bem, depois do terremoto, o Haiti, com o seu inferno histórico, ficou pelo menos 100 mil vezes pior.
Tales de Mileto disse há 2600 anos que a coisa mais fácil que existia era dar conselhos, ou palpites. Você há de concordar comigo que a afirmação dele continua verdadeira até hoje e até sempre. É tão fácil dar conselhos...
Por isto pergunto o que você acha que se deva fazer no Haiti?
Dê 3 conselhos como sua contribuição ativa, ponderada e inteligente para ajudar a resolver toda aquela desgraça.
Lembro, porém, que o mesmo Tales, perguntado qual era a coisa mais difícil do mundo, respondeu na lata que era conhecer a si mesmo.
Se você misturar estes dois conceitos antes de dar os seus conselhos acho que vai ficar tão perdido quanto está hoje o redator deste Almanaque.
E uma coisinha a mais: Que diabos está fazendo o Nelson Jobim fardado para o combate lá no meio daquela tragédia?
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