Crisálida é o nome mais elegante para a lagarta que num dado momento deixa de ser um bichinho meio sem graça, rompe a sua pele e dali sai uma borboleta linda.
Quem compara uma crisálida com a borboleta saída de suas entranhas poderá achar que uma não tem qualquer relação com a outra.
Mas tem sim. Os órgãos vitais são os mesmos, com funções mais ampliadas (além de andar no chão, voa) e embalagem externa radicalmente modificada.
Em marketing estamos hoje diante de uma verdadeira nova safra de borboletas que abandonaram ou estão abandonando a sua versão de crisálidas.
A indústria do disco é a mais gritante. Estive em Fortaleza a semana passada e amigos lá, apreciadores de música clássica me disseram que sobrou apenas uma loja de discos (cds, etc.) na capital do Ceará. E isto, claro, não acontece somente lá.
As lojas fecham, as gravadoras têm as suas existências ameaçadas, os clientes compram menos música gravada.
E no entanto o consumo de música jamais foi mais intenso.
Em qualquer rua do mundo as pessoas caminham com fones nos ouvidos consumindo a nova forma da música , as crisálidas que se tornaram borboletas.
A função dos marqueteiros que somos é identificar com a antecipação possível quais as próximas crisálidas em processo de se tornarem borboletas. E agirmos.
O Jeff Bezos em 1996 apostou que a venda de livros em livrarias deveria passar por uma mudança radical com o crescimento da Internet.
Apostou todas as suas fichas (todos os seus recursos pessoais e familiares) e criou a Amazon.
As grandes organizações de varejo, antes absolutas com as suas lojas, estão correndo para concorrer em igualdade de condições com pequenas lojas - cada vez maiores - que vendem os mesmos produtos em seus sites. Sem lojas ou apenas com lojas catálogos ao vivo.
Os veículos de comunicação históricos e entendidos por nós como indestrutíveis no topo de seus mais de 100 anos de existência anunciam mudanças chocantes.
O New York Times que antes abria o seu conteúdo histórico e o detalhamento de suas matérias diárias na Internet apenas aos assinantes do jornal impresso dão hoje a qualquer interessado acesso irrestrito a seu conteúdo, em meio a noticias sobre a possibilidade de abolir em algum momento a sua versão impressa. Seria um alerta para todaa mídia impressa do mundo?
No negócio base da minha carreira publicitária, a comunicação de marketing, há já alguns anos em conferências no exterior mais do que aqui, é anunciada uma grande transformação. Coisas como a Madison Avenue está com os dias contados.
Quase sempre estas previsões têm um caráter alarmista, ameaçador, aterrorizador tal como monstros de filmes de ficção científica que atacarão a todos.
Talvez até por esta semelhança (ameaças terríveis que são de brincadeirinha) os porta-vozes das grandes mudanças sejam ainda hoje vistos como menos confiáveis, pois encarar mudanças é muito mais difícil do que seguir as rotinas consolidadas em anos de profissão.
Meu posicionamento em relação a esta crisálida em processo de transformação em borboleta foi associar a minha carreira à R.EPENSE, uma agência criada pelo Otávio Dias e a Luna Gutierres exatamente para antecipar-se às mudanças na comunicação de marketing.
A Flávia Paranhos no Rio compatilha das mesmas crenças e em função disto Vivian Fasca e eu nos juntamos ao grupo já por nós denominado de r.epensadores, pois é exatamente isto que somos nós.
O Marco Antonio de Almeida em São Paulo,também juntou-se a nós mais recentemente.
O que desejo transmitir neste post é a necessidade de todos repensarmos o que estamos fazendo na vida real, e tratarmos de nos antecipar a outras crisálidas na nossa área de atividade que possam se transformar em borboletas antes de nós.
Não se trata de mudar de tipo de trabalho ; é muito mais uma preparação para mudar a forma como vivemos.
Exatamente como a crisálida se torna borboleta.
Se você concorda - ou discorda - faça a sua lista de possíveis mudanças que vão (ou que na sua opinião não vão de forma alguma) acontecer.
Acho que mais cedo ou mais tarde todos vamos sair voando por aí...
2 comentários:
Perfeito o texto. Acho essencial captar o momento certo da mudança, nem antes, nem depois, com as pessoas certas ao lado.
outro dia eu tava lendo uma reportagem sobre os discos que bateram recorde de vendas, no brasil e no exterior (como thriller, de michael jackson).
creio que esses recordes serão eternos pois a venda de discos hoje cada vez mais diminui, pelo que você mesmo comentou.
eu já comentei no meu blog também sobre o lance do celular estar presente em nossas vidas cada vez mais. inclusive sobre o fato de a gente quase não usar relógio mais, despertador principalmente, já que essas funções encontram-se no celular.
assim, acredito que a tecnologia mobile será a nova borboleta.
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